Sexta-feira, Maio 17, 2024
15.1 C
Lisboa
More

    Portugal: Suicídios nas prisões quadruplicaram no 1.º semestre

    O número de suicídios nas cadeias portuguesas quadruplicou no primeiro semestre deste ano, em relação a igual período de 2011, segundo dados fornecidos à agência Lusa pela Direção-Geral dos Serviços Prisionais (DGSP).
    De 01 de janeiro a 25 de junho deste ano, morreram 26 reclusos nas 51 cadeias portuguesas, 18 dos quais devido a doença, e oito por suicídio, segundo dados solicitados pela Lusa àquele organismo.
    No primeiro semestre de 2011, o número de mortes foi superior, tendo atingido as 35 – duas por suicídio e 33 por doença.
    Contactado pela Lusa para comentar estes dados, o professor catedrático de psicologia forense Carlos Poiares alegou a necessidade de se fazer “alguma reflexão e algum estudo sobre o assunto”, considerando “elevado” o número de oito suicídios, em seis meses.
    “Claro que é positivo que haja menos mortes nas cadeias, e negativo que nos apareça um número elevado de suicídios; oito já é um número que, creio, se pode considerar elevado”, observou.
    Os “suicídios nas cadeias podem ter várias leituras”, sustentou.
    Penas elevadas de que os reclusos tenham sido notificados sem contarem com uma medida tão severa, quebra de vínculos com o exterior que não saibam gerir, eventual insuficiência de acompanhamento psicológico, podem, para o psicólogo forense, ser causas de suicídio.
    O efeito de crise, que se reflete na cadeia e nos reclusos, levando-os a ter a perceção do mundo exterior e do que afeta as próprias famílias são, segundo o diretor da Faculdade de Psicologia da Universidade Lusófona, outras hipóteses a ponderar.
    Para Carlos Poiares é também importante saber se nos suicídios ocorridos em meio prisional já existia uma “situação prévia de patologia mental ou de ideação suicida, que apenas a cadeia tivesse vindo a agravar”, referiu.
    Saber se são reclusos em prisão preventiva ou já definitivamente condenados, e conhecer “a dimensão das medidas”, nomeadamente se foram “penas severas” que “terão vindo ao arrepio do que era expectável para os próprios reclusos”, são outros fatores que podem estar na origem do fenómeno, disse.
    “É necessário, para podermos comentar esses números, ter uma perceção de cada caso por si e, [no conjunto], não é possível, antes pelo contrário, percebermos qual é a história de reclusão de cada um desses sujeitos, se estavam presos há muito tempo, se eram pessoas que tinham iniciado o contacto com a cadeia e também as condições de cada estabelecimento em si mesmo considerado”, frisou.
    Carlos Poiares admitiu, porém, que aqueles números da DGSP lhe suscitam dois “comentários imediatos”.
    “A necessidade urgente de os serviços públicos estudarem o fenómeno e falarem sobre ele” para que possam ser estudados sem “a ideia de uma reação à flor da pele que, depois, não é consumada em elementos mais aprofundados”, disse.
    “E, em segundo lugar, uma coisa, que é antiga no nosso país e em quase todos os países: a necessidade de se repensar cada vez mais o sistema prisional e de se desenvolverem estratégias cada vez mais inclusivas dentro da prisão, preparando, necessariamente, a saída do espaço prisional”, concluiu.

    FONTE:DN

    Publicidade

    spot_img

    POSTAR COMENTÁRIO

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

    - Publicidade -spot_img

    ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    TSE suspende julgamento de ações que pedem cassação de Moro por atos na pré-campanha em 2022; caso será retomado na 3ª

    O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu nesta quinta-feira o julgamento das ações que pedem a cassação do senador Sergio...

    Artigos Relacionados

    Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
    • https://spaudio.servers.pt/8004/stream
    • Radio Calema
    • Radio Calema