A última greve dos motoristas de transportes de matérias perigosas lançou o caos no território português, com a escassez de combustíveis. A intervenção do Governo levou a que as negociações entre a ANTRAM e o sindicato prosseguissem, mas a verdade é que esta ‘relação’ já conheceu melhores dias e há um novo pré-aviso de greve, escreve o Notícias ao Minuto.
Falaram-se em valores e acabou a ‘paz negocial’ anunciada pelo sindicato que representa os motoristas de transportes de matérias perigosas no final da segunda reunião com a ANTRAM.
É que o sindicato disse que a ANTRAM tinha apresentado um “valor próximo” dos 1.200 euros como salário base, mas a própria ANTRAM disse que o sindicato é que apresentou uma contraproposta de 700 euros. O sindicato não ficou satisfeito com estas declarações e já entregou um pré-aviso de greve.
A verdade é que de 700 euros até 1.200 euros ainda corre muita água, mas fonte da ANTRAM confirmou ao Notícias ao Minuto que este teria sido o valor apresentado pelo sindicato e que a entidade que representa os trabalhadores se tinha comprometido em não fazer greve, pelo menos, até ao final do mês.
Estes ataques e retrocessos fazem parte de qualquer processo negocial, a diferença é que este está a ser mais escrutinado porque um acordo entre as duas partes é essencial para evitar que o país volte a ser afetado pela crise dos combustíveis.
No entanto, para não prejudicar as negociações, a ANTRAM emitiu mais um comunicado, no final de quarta-feira, onde disse que não vai fazer mais comentários sobre as conversações com os motoristas e garantiu que “não teve o intuito de obstaculizar ou prejudicar as negociações que estão a decorrer com este sindicato num clima de boa-fé negocial”.
A entidade que representa as transportadoras esclareceu que divulgou aos associados “pontos relevantes da proposta” apresentada pelo sindicato “para evitar um escalar de dúvidas e consequente agitação nas empresas”.
Este esclarecimento da ANTRAM seguiu-se ao pré-aviso de greve por parte do sindicato para a partir do dia 23 de maio, de acordo com a informação avançada por vários meios de comunicação. Em declarações à RTP, o vice-presidente do sindicato, Pedro Pardal Henriques, acusou a ANTRAM de ter violado “os princípios da boa-fé negocial”.
Uma ‘relação’ que já conheceu melhores dias
O Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas foi criado no final de 2018 e tornou-se mais conhecido com a greve iniciada no dia 15 de abril, que levou, inclusive, o Governo a decretar uma requisição civil e, posteriormente, a convidar as partes a sentarem-se à mesa de negociações.
A arbitragem por parte do Executivo fez com que representantes sindicais e empresariais chegassem a acordo, no dia 18, definindo um calendário para o início das negociações, sendo a paralisação desconvocada de imediato.
Desde então, as reuniões entre as duas partes têm acontecido no Ministério das Infraestruturas e Habitação, sempre com a mediação de um responsável do Governo.