Ambas as candidaturas suscitaram dúvidas no comité responsável pela decisão, mas a decisão acabou por ser positiva. Portugal conta agora com 17 locais classificados em território nacional, além dos 11 que constituem património mundial de origem portuguesa no mundo.
De acordo com a Lusa, citada pelo DN, já são 17 os locais portugueses que integram a lista da UNESCO. O Palácio de Mafra e o Santuário do Bom Jesus em Braga foram este domingo classificados como Património Mundial. Os monumentos integraram “as 36 indicações para inscrição na Lista do Património Mundial”, que estão a ser avaliadas na 43.ª Sessão do Comité do Património, Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a decorrer em Baku, no Azerbaijão, até 10 de Julho.
O conjunto composto pelo Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco e Tapada de Mafra suscitou uma pequena discussão dentro do Comité, com o Conselho Internacional de Monumentos e dos Sítios (ICOMOS) a levantar algumas dúvidas face a esta candidatura. “Tivemos muitas discussões sobre este sítio porque o elemento crucial deste conjunto, mas achamos que a Tapada não está suficientemente documentada. Sem haver mais informações, não faz sentido recomendar este lugar como Património Cultural Mundial”, disse a representante do ICOMOS. Mas a decisão acabaria por ser positiva.
O monumento foi aprovado com apoio do Brasil, da Tunísia e da China, tal como outros Estados que fazem parte deste comité como Angola ou Indonésia, embora tenham apoiado as recomendações para a conservação e um estudo cartográfico deste complexo monumental. “Mafra reúne todas as condições para ser reconhecido. Desejamos inscrever um edifício de valor extraordinário que tem também um jardim e uma tapada e não o inverso, como indica o ICOMOS”, disse a representação de Portugal, ao defender esta candidatura.
Contudo, o presidente da Câmara de Mafra disse que a classificação do Palácio de Mafra “peca por tardia”. “É um dia histórico para Mafra e para Portugal, porque esta candidatura preparada há dez anos foi agora aprovada e só peca por tardia, porque já devia ter sido classificada há muito tempo”, disse Hélder Sousa Silva.
Para o autarca, a inscrição de Mafra na lista do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) “não é um ponto de chegada, mas um ponto de partida e traz responsabilidades acrescidas para a manutenção [do monumento] a curto prazo”. “Espero que haja uma Mafra antes da classificação e uma Mafra depois da classificação, virada para a recuperação do património”, enfatizou.
O Centro Histórico de Angra do Heroísmo, o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, em Lisboa, num conjunto de proximidade, o Mosteiro da Batalha e o Convento de Cristo, em Tomar, foram os primeiros classificados, em 1983
Mafra partilhou os festejos com Braga, com o Santuário do Bom Jesus também a sair classificado. À semelhança do que aconteceu com o Palácio de Mafra, também esta candidatura suscitou algumas questões ao ICOMOS, mas a proposta acabou por ser aprovada.
O Brasil, que abriu a discussão e faz parte deste comité, defendeu que o Bom Jesus de Braga não só cumpre todos os critérios para ser integrado na lista de monumentos, mas serviu também de inspiração para o complexo do Bom Jesus de Congonhas, no Brasil, que já consta da lista da UNESCO.
Portugal esclareceu que todas as dúvidas sobre o monumento bracarense já estavam esclarecidas no dossier entregue por Portugal e que as recomendações do ICOMOS já estão mesmo a ser seguidas no santuário. A representação portuguesa afirmou ainda que o monumento também já está inscrito como património nacional.
Também o autarca de Braga se pronunciou, salientando que com a distinção vem “também uma grande responsabilidade e orgulho”. “Isto é um momento de felicidade, de orgulho para a cidade e para toda a equipa que trabalhou para que esta classificação fosse possível, mas também coloca sobre a cidade uma grande responsabilidade que é a de tudo fazer para que o local continue à altura desta distinção”, afirmou Ricardo Rio.
A lista do Património Mundial da Humanidade integra actualmente 1092 sítios em 167 países. Alguns deles de origem portuguesa.
O Presidente da República considera que inscrição do Palácio Nacional de Mafra e do Santuário do Bom Jesus em Braga na lista do Património Mundial é motivo de “grande regozijo para todos os portugueses”. Numa nota publicada na página da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa congratula-se assim com as decisões da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), referindo que “é um motivo de grande regozijo para o Presidente da Republica e para todos os portugueses”.
“Saúdo vivamente os promotores destas candidaturas, os autarcas, os diplomatas, as autoridades civis e eclesiásticas, e todos aqueles que, também na sociedade civil, ajudam a levar mais longe o património português físico, histórico, artístico, religioso ou intelectual”, lê-se no documento.
Das ilhas a Belém, já lá vão 17
Portugal conta já com 17 locais classificados em território nacional, havendo ainda 11 que constituem património mundial de origem portuguesa no mundo.
O Centro Histórico de Angra do Heroísmo, o conjunto do Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém (em Lisboa), bem como o Mosteiro da Batalha e o Convento de Cristo (em Tomar), foram os primeiros classificados, em 1983.
A estes juntaram-se a Região Vinhateira do Alto Douro, a zona central da cidade de Angra do Heroísmo (nos Açores), a Paisagem Cultural de Sintra, a Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e as suas Fortificações, o Centro Histórico de Évora, o Centro Histórico de Guimarães, o conjunto do Centro Histórico do Porto, Ponte Luís I e Mosteiro da Serra do Pilar, a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, a Laurissilva da Madeira, o Mosteiro de Alcobaça, os locais de Arte Rupestre do Vale do Côa, bem como a antiga Universidade de Coimbra – Alta e Sofia.
A lista do Património Mundial da Humanidade integra actualmente 1092 sítios em 167 países.
Alguns deles de origem portuguesa. São eles o Centro Histórico de Macau, as Igrejas e Conventos de Goa, a Ilha de Moçambique, a cidade portuguesa de Mazagão (El Jadida), a Cidade Velha (em Cabo Verde), o Centro Histórico de Olinda (em Pernambuco, no Brasil), o Centro Histórico de S. Salvador (Baía, no Brasil), o Centro Histórico de Goiás (Brasil), o Centro Histórico de Diamantina (Minas Gerais, Brasil), o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos (Minas Gerais, no Brasil) e ainda o Centro Histórico de Ouro Preto (Minas Gerais, Brasil).