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    Oposição congolesa lamenta morte de Sindika Dokolo

    O principal opositor ao Presidente da República Democrática do Congo (RDC) nas eleições presidenciais de 2018, Martin Fayulu, manifestou-se hoje “consternado” com a notícia da “morte súbita” do empresário congolês Sindika Dokolo, marido da empresária Isabel dos Santos.

    “Estou consternado com a morte súbita do nosso irmão Sindika Dokolo. Esteve ao nosso lado no combate pela dignidade do povo congolês. Guardo dele a memória de um militante alerta, animado e pleno de esperança. As orações vão para a sua família e para os seus próximos”, escreveu na rede social Twitter o advogado de 64 anos, líder do Partido do Compromisso com a Cidadania e Desenvolvimento, uma das figuras principais da oposição ao regime de Félix Tshisekedi na RDC.

    Também Freddy Matungulu, outro candidato derrotado nas presidências de 2018 na RDCongo, actual representante do seu país no conselho de administração do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), sublinhou a “surpresa” com a morte do empresário e coleccionador de arte congolês, que “levou este filho digno do seu pai e da nação”, deixando também no Twitter as condolências à família e “aos seus muitos amigos políticos”.

    “Que Deus vos dê a força para continuar a luta que ele conduziu para melhorar a nossa cultura na RDC“, escreve na mesma rede social o secretário-geral do Partido Força dos Patriotas, Sam Kalambay.

    Sindika Dokolo morreu, nesta quinta-feira, 29, no Dubai quando praticava mergulho, segundo a imprensa congolesa e o próprio assistente pessoal de Tshisekedi, Michée Mulumba, que lamenta no Twitter essa “actividade habitual”, que “arrancou” o empresário do seu “combate e dos seus próximos”.

    “Foi num mergulho submarino que partiste para a eternidade. Uma actividade habitual que te afastou da tua luta, dos seus entes queridos. Descansa em paz, querido Sindika Dokolo“, escreve.

    Empresário e coleccionador de arte, Sindika Dokolo era casado com Isabel dos Santos, empresária e filha do antigo presidente José Eduardo dos Santos, com quem tinha quatro filhos.

    Tal como Isabel dos Santos, os negócios de Sindika Dokolo estavam a ser investigados pela justiça angolana, na sequência das revelações do Consórcio Internacional de Jornalistas que ficaram conhecidas como “Luanda Leaks”.

    Sindika Dokolo e a mulher são suspeitos de terem lesado o Estado angolano em milhões de dólares e foram alvo de arresto de bens e participações sociais em empresas, em Dezembro do ano passado, por determinação do Tribunal Provincial de Luanda.

    Nascido no antigo Zaire, a 16 de Maio de 1972 (actual República Democrática do Congo) era filho do banqueiro Augustin Dokolo Sanu, e da sua segunda mulher, a dinamarquesa Hanne Taabbel. Frequentou o liceu Saint Louis de Gonzague, em Paris, e prosseguiu os estudos na Universidade Paris Vi Pierre et Marie Curie.

    Inspirado pelo pai, amante de arte, começou a sua colecção de arte quando tinha 15 anos e criou mais tarde a Fundação Sindika Dokolo, a fim de promover as artes e festivais de cultura em Angola e noutros países.

    Em Outubro do ano passado, a sua Fundação comprou e repatriou para Angola 20 peças de arte que tinham sido levadas de museus angolanos para colecções estrangeiras e preparou-se para entregar ao museu de Kinshasa a primeira peça congolesa recuperada, segundo uma entrevista concedida na altura à agência Lusa.

    Crítico dos quase 20 anos do regime do presidente Joseph Kabila na República Democrática do Congo, Sindika Dokolo esteve cerca de cinco anos no exílio, devido aos processos movidos contra si em Kinshasa, tendo regressado apenas em Maio de 2019, já depois da chegada ao poder de Félix Tshisekedi, que tomou posse como chefe de Estado congolês em Janeiro.

    Em Fevereiro de 2016, ainda com José Eduardo dos Santos nas funções de Presidente em Angola, a Fundação Sindika Dokolo entregou ao chefe de Estado, no Palácio Presidencial, em Luanda, duas máscaras e uma estatueta do povo Tchokwe (leste de Angola), que tinham sido saqueadas durante o conflito armado, recuperadas após vários anos de negociação com coleccionadores europeus.

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