O crescimento global da economia deve atingir os 5,6% este ano, mais moderado em 2022, ficando-se pelos 4,5%, e ainda mais moderado em 2023 quando se situará nos 3,2%, de acordo com as últimas previsões da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico
A nova variante Omicron, identificada a semana passada na África do Sul, pode pôr em causa a recuperação da economia global e acentuar os desequilíbrios, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Os fazedores de política monetária devem ser “cautelosos”, acrescentou a OCDE, dizendo que o requisito mais urgente é acelerar a vacinação contra a covid em todo o mundo.
Os governos podem ser forçados a novos apoios financeiros de emergência às empresas e às famílias se a variante Omicron provocar uma severa desaceleração global, alertou a organização internacional com sede em Paris. A OCDE considera, ainda, que novas ondas da pandemia podem aumentar a pressão sobre a economia mundial também devido aos níveis persistentemente altos de inflação.
Se o Omicron for mais transmissível do que outras variantes ou mais resistente às vacinas, pode agravar a interrupção das cadeias de abastecimento já insuficientes e aumentar a inflação por um período mais prolongado, adianta a organização de pesquisa económica global. Numa situação mais severa, os governos podem ter necessidade de impor restrições à mobilidade, prejudicando a procura de bens e serviços e levando a uma queda acentuada da atividade económica semelhante à fase inicial da pandemia.
Considerações e recomendações que vêm com a perspectiva económica semestral da OCDE, que mantém as previsões de crescimento global muito semelhantes às que tinha feito há três meses – a previsão foi de 5,7% para 2021, sendo que para 2022 permanece a mesma, não havendo previsão para 2023 -, mas elevou significativamente as previsões para a inflação. Mas, sublinhe-se, estas previsões foram feitas sem ter ainda em contra a nova variante Omicron e os seus efeitos, daí as recomendações e inquietações iniciais.
Para os países que fazem parte dos G20, as maiores economias do mundo, a OCDE aumentou sua previsão da inflação para 2022, em Setembro tinha previsto 3,9% agora actualizou para 4,4%.
Os maiores aumentos ocorreram nos Estados Unidos e no Reino Unido, onde as previsões de inflação para o próximo ano aumentaram, em ambos os países, de 3,1% para 4,4%.
Laurence Boone, a economista-chefe da OCDE, considera que a variante Omicron está a “aumentar o já alto nível de incerteza e que poderá ser uma ameaça à recuperação (económica)” e ainda ao “retorno à normalidade ou algo pior”.
Quanto ao posicionamento “hawkish” (“falção”) de Jay Powell e de outros líderes de bancos centrais como Banco de Inglaterra ou o Banco Central Europeu, a economista da OCDE adverte que “não existe uma política monetária que sirva para todos” também porque “a situação é muito diferente em algumas economias de mercado emergentes com altas taxas de inflação”, concretizando “Os Estados Unidos são diferentes da Europa que também é diferente da Ásia”, onde a questão da inflação se coloca de uma outra forma.
Há, de acordo com Boone, uma necessidade dos fazedores de política monetária comunicarem entre si e deixarem claro que aumentam ou não as taxas directoras, mas, mais do que isso, que estão prontos a agir e a tomar medidas se a pressão sobre os preços se ampliar.
A OCDE considera que a recuperação global em 2021 foi mais forte do que inicialmente era esperado mas à custa de uma série de desequilíbrios que podem persistir no tempo. E as disparidades entre a oferta e procura tem vindo a afectar de forma diferente os países, e esses desequilíbrios são uma fonte de preocupação.
Nas previsões económicas da OCDE, o crescimento económico mundial estima-se em 5,5% para este ano, 4,5% em 2022 e 3,2% em 2023.
A OCDE prevê que a maior economia do mundo, os Estados Unidos, cresçam 5,6% neste ano, 3,7% em 2022 e 2,4% em 2023, antes as previsões foram de 6,0% em 2021 e 3,9% em 2022.
As perspectivas para a China também são agora menos optimistas, de 8,1% em 2021 e 5,1% em 2022 e 2023, nas previsões anteriores foram de 8,5% em 2021 e 5,8% em 2022.
A inflação nos países do G20 provavelmente cairá para 3,8% em 2023, após atingir 4,4% no próximo ano.
Quanto à Zona Euro, e de acordo com as previsões da OCDE, inflação poderá ser inferior 2% em 2023, contra os 2,4% no Reino Unido e 2,5% nos EUA.