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    O que se sabe sobre a variante indiana do coronavírus

    Nova cepa contém duas mutações já associadas a menor neutralização por anticorpos. No entanto, ainda não é possível afirmar que ela seja mais transmissível ou provoque casos mais graves de covid-19.

    Uma nova variante do coronavírus Sars-CoV-2 descoberta recentemente na Índia está sendo acompanhada com cautela por cientistas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras instituições da área ainda estão estudando a variante denominada B.1.617 e, embora ainda não esteja comprovado se ela é mais transmissível ou mortal, segundo alguns especialistas, ela pode ser um dos motivos por trás do aumento exponencial de casos de covid-19 na Índia nas últimas semanas.

    Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não impacta a capacidade de transmissão ou de causar formas graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.

    A B.1.617, também chamada de variante indiana, carrega duas mutações na proteína spike do coronavírus que já foram identificadas em outras variantes pelo mundo. Elas foram associadas, em outras análises, a uma capacidade reduzida de neutralização do coronavírus por anticorpos ou células T. Também teme-se que esta característica esteja presente nas variantes sul-africana (B.1.351) e brasileira (P1).

    A proteína spike é a parte que o vírus usa para penetrar nas células humanas. Já os linfócitos T são células com funções imunológicas de respostas antivirais, seja através da produção de citocinas ou eliminando ativamente células infectadas.

    Isso significa que pessoas vacinadas ou que já tenham sido contaminadas podem estar menos protegidas contra a variante indiana.

    “Ter duas destas mutações, que foram identificadas em outras variantes em outras partes do mundo, é preocupante”, disse Maria Van Kerkhove, chefe técnica de resposta à covid-19 da OMS.

    Apesar disso, por enquanto, a OMS ainda classifica a variante como de “interesse”, e não como “preocupante”.

    “As vacinas continuam funcionando contra as variantes preocupantes e, em particular, contra os sintomas graves, e isso é importante destacar”, enfatizou Van Kerkhove.

    Uma variante é considerada “preocupante” se é conhecido que ela se espalha mais facilmente, causa formas mais graves da doença, escapa ao sistema imunológico, muda o quadro clínico ou diminui a eficácia de vacinas e medicamentos. Por enquanto, ainda não está confirmado que a variante indiana esteja associada a qualquer um desses pontos.

    Variante pode estar por trás de aumento de casos
    Embora ainda não haja evidências científicas de que a variante indiana seja mais transmissível, especialistas da Índia acreditam que ela pode, sim, estar relacionada ao grande aumento de casos de covid-19 no país nas últimas semanas. Somente na segunda-feira, foram mais de 270 mil novas infecções.

    A grave situação da pandemia no país fez o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, cancelar a viagem que faria à Índia na próxima semana. Por precaução, o Reino Unido vai restringir viagens à Índia a partir de sexta-feira.

    Em entrevista à Rádio Internacional da França (RFI), o médico Surandipta Chandra, que trabalha em uma clínica em Nova Délhi, disse que a variante “se espalha como um incêndio em uma floresta”. Para ele, um dos pontos preocupantes é que os testes de PCR já não conseguem detectar todos os casos.

    “O vírus está se adaptando de forma inteligente, e esta mutação indiana parece escapar das testagens. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves”, explicou à RFI.

    A variante foi observada pela primeira vez no final de 2020 em dois estados da Índia e confirmada no final de março.

    A descoberta foi resultado de um esforço global de sequenciamento genético, com o objetivo de detectar, o quanto antes, qualquer modificação do vírus que possa torná-lo mais transmissível, capaz de causar mais sintomas sérios ou tornar os testes, vacinas ou medicamentos ineficazes.

    A variante já foi registrada em países como Alemanha, Austrália, Bélgica, Reino Unido, Estados Unidos e Cingapura.

    Alemanha observa variante
    De acordo com o Instituto Robert Koch (RKI), agência governamental alemã para o controle e prevenção de doenças, a variante B.1.617 está atualmente em observação na Alemanha. Segundo o instituto, “ainda faltam evidências” para comprovar se ela realmente é mais perigosa.

    Na Europa, os dados sobre a variante indiana ainda são escassos. “Ainda não é possível derivar uma tendência confiável a partir de poucas observações, mas isso deve ser monitorado de perto”, afirma Richard Neher, chefe do grupo de pesquisa Evolução de Vírus e Bactérias da Universidade de Basel.

    No entanto, até o momento, Neher não acredita que a variante indiana mereça mais atenção do que as demais.

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    FonteDW

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