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    O economista José Severino acusou, esta semana, o Estado angolano pela falta de desembolso dos créditos que vêm sendo cedido aos pequenos empresários e que vêm sendo declarado como crédito malparado.

    A razão, aponta o economista, está relacionada com o facto dos mesmos terem sido cedidos de forma “abusiva” e “por tráfico de influência”, a beneficiários que não oferecem garantias de desembolso. Por esta razão, entende que o Estado reveja as políticas de actuação do Fundo de Apoio de Capital de Riscos (FACRA) para com as pequenas e médias empresas interessadas.

    “Para um país que está há anos em estagnação económica, com perspectiva de crescimento negativo de 3.3 vemos que o crédito no país não funciona”, reconhecendo haver “uma apetência ao crédito” pelos pequenos empresários, mas com os desembolsos a se considerarem “difíceis”. Para a eliminação dos constrangimentos, disse ser urgente tomadas de medidas que eliminem os constrangimentos para a saída do país da crise económica e financeira em que se encontra desde 2014.

    Entre os constrangimentos, José Severino considerou a exigência de estudos técnicos de viabilidade aos pequenos empresários pelo facto de entender que tal não se adapta à realidade das pequenas empresas. “Como é que se exige estudo de viabilidade à uma pessoa que só precisa fazer um micro investimento, comprar uma charrua, de tração animal, uma moto-bomba”, exclamou, “não funciona, é uma autopia”, rematou.

    O antigo presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) defende, por outro lado, ser necessário haver relação de proximidade entre os investidores e as instituições bancárias, através da aposta, pelos bancos em funcionários com formação especializada nos vários sectores do agronegócio, visto que os formados têm “a percepção do negócio”.

    Segundo o economista, a falta de capitais próprios, o não funcionamento do registo predial e de terrenos são também factores que agravam a situação das empresas no país. Este facto, adianta, faz com que Angola tenha a maior taxa de falência de empresas do mundo, com a taxa a rondar os 65%.

    Para reverter a situação, o antigo presidente da AIA entende que o Fundo de Apoio ao Capital de Risco (FACRA) “devia estar funcional e com uma grande abrangência para apoiar também as empresas que ainda estão em embrião e não apenas as que já se encontram bem estruturadas”.

    Segundo fez saber, são as pequenas e médias empresas que seguram o desenvolvimento da economia do país. “Se nós continuarmos a olhar para as pequenas e médias empresas como parceiras o país não vai sair do estado de estagnação económica em que se encontra”, disse.

    Informou ainda que esta situação está a criar frustração aos empresários, e entende que o Estado deve resolver o problema, por ser responsável pela concepção de crédito que foi entregue de forma “abusiva”, com base no “tráfico de influência”, resultando no crédito mal-parado, contrariando assim, a teoria segundo a qual o crédito malparado tem sido provocado por problemas de viabilidade económica.

    O antigo dirigente da AIA prestou estas declarações à imprensa à margem do primeiro Congresso Bancário de Angola, realizado em Luanda, e do qual foi também um dos prelectores.

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