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    O “duche de água fria” não altera estratégia da coligação. Passos vai continuar igual

    (D.R)
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    Vice-presidente do PSD diz que debate foi “excelente” e que Passos ganhou, mas CDS admite que deu novo fôlego a Costa .

    Primeira reação: desvalorizar o debate. Segunda reação: afirmar, em on, que tudo correu bem. Terceira reação: manter a estratégia. A prestação de Passos Coelho no debate de quarta-feira preocupou alguns dos seus colaboradores mais próximos, foi um “duche de água fria” (palavras do CDS), mas a versão oficial contraria tudo isso. Até há na direção do PSD quem classifique o debate como “excelente”.

    Uma coisa é certa: Passos vai manter a mesma estratégia de dar poucas entrevistas e de manter uma tom explicativo nos debates e intervenções públicas. “O primeiro-ministro não precisa de mudar porque os portugueses gostam daquele estilo. Mas, mesmo que toda a gente no partido dissesse a Passos para mudar agora, ele não o faria”, disse um vice-presidente do PSD ao DN.

    A posição oficial do partido é que Passos ganhou o debate. Desde logo o diretor de campanha do PSD, José Matos Rosa, disse ao DN que os partidos da coligação que integra estão “tranquilos” e que “nada do que tinha sido planeado foi alterado”. A nega aos Gato Fedorento e a recusa de entrevistas a vários órgãos de comunicação social mantém-se.

    Para o diretor de campanha da coligação, Passos Coelho “marcou bem a diferença entre os dois programas e fê-lo de uma forma diferente daquela a que os portugueses estão habituados: com verdade, rigor e transparência. Ao contrário do PS, que não mostrou nada, só os habituais sound bites, como é costume”.

    Também a vice-presidente Teresa Leal Coelho considera que “não há nenhuma mudança na estratégia por parte do primeiro-ministro porque a prestação que teve no debate foi excelente, de grande serviço público e claramente melhor do que a de António Costa”.

    Teresa Leal Coelho considera que o presidente do PSD foi esclarecedor e fez um debate com “manifesta elegância”, uma vez que “um debate entre dois candidatos a primeiro-ministro não é um circo, nem um espetáculo, é um espaço para esclarecer os portugueses”.

    Também o vice-presidente do PSD Pedro Pinto considera que foram atingidos os objetivos do debate, que acabou por ser “entre um candidato a primeiro-ministro e um líder da oposição”.

    Um vice-presidente do PSD, que optou por não se identificar, desvaloriza o facto de a maioria dos analistas ter atribuído a vitória a Costa. “Mesmo que seja assim, isso é válido para as 300 mil pessoas que depois seguem os painéis de opinião no cabo, porque, para os mais de três milhões que viram o debate, o que conta é o próprio debate e aí Passos foi igual a si próprio.”

    Um dirigente social-democrata que admite conhecer “muito bem” Passos Coelho considera que este não estava “nervoso”, mas apenas “irritado com a postura de António Costa”. Porém, o DN sabe que na quarta-feira, minutos antes do debate, Passos e Costa acabaram mesmo por se cruzar, na sala de maquilhagem montada no Museu da Eletricidade.

    Passos já vinha maquilhado, mas foi dar uns retoques. Diz quem viu que parecia muito irrequieto, bebendo muita água. No intervalo – uma imposição do PSD – um dos conselheiros brasileiros que faz o marketing da coligação (já tinha feito em 2011 o do PSD) foi até junto de Passos para lhe dar conselhos e pareceu ele próprio muito inquieto. Quem viu ficou com a sensação de que o marqueteiro não tranquilizou o líder da coligação: teve o efeito contrário.

    O “duche de água fria”

    Já o CDS lamenta a prestação de Passos. “António Costa podia ter ido ao tapete e não foi”, admite um dirigente centrista, na lista de candidatos a deputado, naquela que foi, mesmo assim, a reação menos protetora de Passos Coelho por parte de alguns membros da direção do CDS, ouvidos pelo DN.

    Para este quadro do partido de Paulo Portas “no dia em que uma sondagem colocava a coligação à frente é óbvio que se esperava que o debate marcasse mais um momento de glória. Mas acabou por ser um duche de água fria, que, por um lado, arrefeceu a euforia e, por outro, permitiu a Costa sentir pela primeira vez a mão no leme e acreditar que nem tudo está perdido para ele”.

    Ainda assim, este dirigente não deixa de apontar o “modelo” da entrevista como “pouco favorável ao estilo reservado do primeiro-ministro”. “Só quem não conhece Passos é que poderia acreditar que este debate lhe fosse de feição. Ele não tem o estilo de combate, importante nestas discussões”, assinala.

    Um dos vice-presidentes também reconhece que Passos “insistiu demasiado na questão de Sócrates”, mas salienta que o presidente do PSD “foi igual a ele mesmo e não fugiu daquela que é a mensagem que ser quer passar na campanha: o que fizemos nos últimos quatro anos para salvar o país”. A avaliação global no CDS é que “nem Costa teve uma grande vitória nem Passos teve uma grande derrota. Quem vota PS não mudou para o PSD e vice-versa. Os indecisos devem ter ficado na mesma”, sintetiza outra fonte da direção centrista. (D.N)

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