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    O assalto político à FDUAN e as críticas dos catedráticos

    Nos últimos dias, temos assistidos com certa veemência, algumas desilusões/críticas em relação ao ensino do Direito ministrado pela Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, desilusões que chegam a configurar-se em ataques àquela Cátedra, vindos de ilustres senhores Doutores, muitos dos quais, professores Catedráticos que muito contribuíram para a edificação da mesma, assim como também, num dado período do tempo contribuíram para o seu descalabro, ou para a desilusão que se tornou àquela ora respeitada instituição aos olhos dos críticos.

    É bem verdade que, o Ensino em Angola está em crise por razões diversas e óbvias, que vão das más políticas de ensino, sistematização curricular à fraca qualidade didáctico pedagógica e científica de boa parte dos professores. Sendo esses últimos, a bono da verdade, os mais sacrificados deste trágico sistema, sem deixar de ferir a falta de estrutura, meios e condições de ensino.

    Entretanto, não deixa de nos entristecer o facto de que, os nossos mestres, críticos e avessos ao novo paradigma, quererem se apresentar como um corpo aparte daquela substância, sem coragem de assumir parte do passivo e direccionar a crítica na verdade objectiva que, subjectivamente catapultou muitos dos quais para posições de decisões no passado recente.

    A verdade é tão palpável quanto óbvia, requer apenas tenacidade, verticalidade e coragem de assumir parte do passivo, e de viva voz, trazer a liça o maior défice da FDUAN senão da própria Universidade Agostinho Neto, que não reside em todo na fragilidade curricular ou qualidade dos professor e do ensino, mais sim, no “Assalto Político” que se fez a àquela instituição, onde a ciência passou à servir os desígnios políticos, os cargos de direcção passam pelo crivo da militância partidária e os melhores estudantes foram/ são aliciados, seduzidos com cargos no funcionalismo público depois de graduados, em troca da inversão dos valores éticos – morais e científicos. A liberdade de pensamento e o pensamento crítico passou a ser visto como libertinagem, as mentes pensantes que produziriam ciência e fortes candidatas a inovação passaram a produzir meros artigos científicos para defesa de planos políticos íngremes, infrutíferos e fadados ao falhanço. Este é também um problema transversal aos demais sistemas de ensino.

    Longe de pretender generalizar, permitam-me a retórica questão: Quantos dos bons juristas saídos daquela magistral Instituição de Ensino, não se transformaram em sofistas ou cabos de propaganda política quando colocados no aparelho do Estado?
    Isto é o que devia preocupar os nossos dignos mestres e professores Catedráticos (O assalto político da academia). Pois, as Universidades de Coimbra, Yale, HAVARD, Oxford etc., granjearam o nível que ostentam, graças a liberdade de pensamento e a investigação científica aplicada que se faz longe dos intentos e caprichos políticos. A Universidade é, e deve ser, um espaço de produção científica e do pensamento livre por excelência.

    Felizmente, quanto a liberdade de pensamento, algumas academias angolanas, sobretudo as privadas, têm dado amostras, basta olhar ao belo exemplo da UCAN que se destaca também na investigação científica. Tal igual a minha alma Mater, a UNIVERSIDADE METODISTA ANGOLA, que permitiu-me ter enquanto Graduando, o exercício do pensamento livre. A ela, faço votos de uma aposta séria na investigação científica.

    Contudo, a universidade deve ser um centro de produção científica, pensamento e debate livre sema amarras políticas. Os críticos com todo o direito que lhes assiste, devem mostrar o caminho e os meios para um ensino de qualidade, renunciando o ego em favor da partilha do conhecimento que possuem pois que, nenhum ensino de qualidade sobrevive ao assalto político. A função dos políticos é traçar boas políticas de ensino e educação, e não transformar universidades em caps. Renunciar a isso também é responsabilidade dos académicos.

    João N’dongala | 22/11/2021

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