Centros públicos sem resposta para mulheres saudáveis que querem fazer criopreservação do potencial reprodutivo. No privado pode custar cinco mil euros.
Os bancos públicos de procriação medicamente assistida (PMA) não fazem criopreservação de ovócitos a mulheres saudáveis que pretendem adiar o projeto de maternidade. Não há qualquer impedimento legal, mas a falta de capacidade de resposta destes serviços, instalados em hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), leva a que a prioridade na criopreservação do potencial reprodutivo seja dada a mulheres com doença, nomeadamente oncológica.
Em 2018, segundo o relatório do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida publicado em julho deste ano, foram registados 640 atos de criopreservação de potencial reprodutivo (espermatozoides, tecido testicular e ovócitos), dos quais 399 nos bancos públicos e 241 nos privados. Do total nacional, 324 criopreservações foram realizadas por motivo de doença oncológica, 193 por doença não oncológica e 223 sem doença. Nestes últimos, 174 foram criopreservações de ovócitos, das quais apenas sete foram realizadas nos bancos públicos.
Mas nem estas contemplam casos de adiamento da maternidade, por razões pessoais ou profissionais. Respeitam, por exemplo, a casos em que há suspeita de tumor maligno nos ovários que depois não se confirma ou de mulheres em tratamentos de PMA com os parceiros fora do país por longos períodos, explica Pedro Xavier, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução (SPMR).