A chefe da extrema-direita francesa apelara ao voto em branco. Agora quer ser oposição a uma esquerda e uma direita que considera serem iguais.
“Não há diferença entre François Hollande e Nicolas Sarkozy. Levam a cabo políticas iguais”. Foi com indiferença que Marine Le Pen reagiu à vitória do socialista Hollande nas presidenciais. A candidata da extrema-direita, (que obteve 17,9% na primeira volta, tendo ficado em terceiro lugar), sugerira aos seus apoiantes que votassem em branco na segunda volta.
A líder da Frente Nacional aposta nas legislativas de junho, para as quais a maioria das sondagens prevê uma maioria de esquerda. “O principal desafio, a partir da próxima semana, é a crise económica e social”, disse aos apoiantes do seu partido, a Frente Nacional, de extrema-direita.
Le Pen quer retratar o Partido Socialista e a União para um Movimento Popular (direita, o partido de Sarkozy) como duas faces da mesma moeda, prometendo ser ela a verdadeira alternativa. Culpa-os da crise, criada “graças às suas loucas políticas ultraliberais e de abertura total das fronteiras.
“É preciso uma oposição digna de confiança”
“Sarkozy nunca foi dado como vencedor”, lembrou, para afastar a suspeita de que a sua indicação de voto pudesse ter ajudado a eleger um Presidente de esquerda. “Sarkozy traiu todas as suas promessas de 2007. É o único responsável pela derrota”, sentenciou. E, lastimou, “o novo Presidente não está disposto a fazer grandes mudanças”.
Marine Le Pen não acredita que a direita, derrotada hoje, possa constituir uma oposição eficaz ao Presidente socialista. Mas acha que “é preciso uma oposição digna de confiança”. Lançou, por isso, o Rassemblement Bleu Marine (União Azul-Marinho, mas também jogo de palavras com o seu nome próprio), que levará às legislativas listas de candidatos provenientes da FN mas também do partido Siel (Soberania, Independência e Liberdade, também de extrema-direita), além de independentes.
“Não quero construir uma nova direita. Quero é defender a nação. Apelo a todos os que percebem que a UE é uma máquina de destruir nações que me apoiem, sejam de esquerda ou de direita”, disse Le Pen ao canal televisivo France 2. A candidata defende que é preciso “recusar os ditames de Bruxelas e da Alemanha, reencontrar a soberania, repor as fronteiras, deter a imigração, proteger a laicidade e a nossa civilização”.
FONTE: Expresso