François Hollande confirmou as sondagens e os resultados da primeira volta. Derrotou Sarkozy e conseguiu o que nenhum canditado do Partido Socialista Francês conseguia há 17 anos: mandar no Eliseu.
Saber se foi Hollande a conquistar o poder ou se foi Sarkozy a perdê-lo poderá ser matéria de discussão, mas a porta do Eliseu por onde entrará o socialista não será certamente a pequena, onde, de resto, se cruzaria com o presidente cessante.
Na segunda volta de ontem, em que cerca de 80% dos eleitores franceses foram às urnas, Hollande ganhou com 52% dos votos, derrotando Nicolas Sarkozy (ficou-se pelos 48%), que procurava a sua reeleição.
“Assumo a derrota. Tentei dar o meu melhor para proteger os franceses”, declarou Sarkozy, conformado, após o anúncio dos resultados.
O presidente cessante apostou tudo na relação com Angela Merkel e fez da Alemanha um exemplo na luta pela austeridade.A França não gostou e virou-se para François Hollande, que percebeu que a disciplina orçamental imposta pela Alemanha precisava de ser contestada.
O socialista, um deputado sem qualquer experiência governativa, propôs-se a cumprir uma tarefa que os cépticos garantem ser impossível: recuperar uma França estagnada e sem dinheiro a golpes de investimento de Estado.
Sendo certo que acrise não acaba com a eleição do candidato socialista, não é por acaso que Hollande declarou quea sua vitória trouxe à Europa a “esperança, com a ideia de que a austeridade já não é uma fatalidade”. É preciso “reorientar a Europa para um caminho de crescimento”, acrescentou.
É a palavra mágica da esquerda europeia para mobilizar os povos fustigados pela austeridade. O líder socialista português, António Seguro, reagiu com satisfação à vitória de Hollande, que, na sua opinião, devolve “a esperança em políticas de crescimento económico e de promoção do emprego que alivie os sacrifícios das famílias e das empresas”. O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz declarou também esperar que que a vitória socialista francesa signifique que “haja impulsos fortes para o crescimento e o emprego na Europa”.
É a vez do MerkHollande?
Resta portanto saber a resposta a duas perguntas. Será Hollande capaz de cumprir as suas promessas e provar que existe alternativa à austeridade? Como irá reagir Angela Merkel à vontade do socialista francês?
A dupla Merkozy acabou às mãos da crise. E mesmo que a chanceler alemã tenha telefonado a Hollande a pedir um encontro em Berlim e que tenha declarado que “vai trabalhar com a França para preparar um plano de crescimento para a Europa”, a dupla MerkHollande vai ser mais difícil de se acertar.
FONTE: Jornal de Notícias