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    Mais de 1.700 migrantes morreram em 2020 a tentar chegar à Espanha

    Pelo menos 1.717 pessoas morreram ou foram dadas como desaparecidas ao tentar alcançar as costas espanholas em 2020, indicou ontem a Associação Pro-Direitos Humanos da Andaluzia (APDHA), frisando tratar-se do maior número registado pela organização desde 1989.

    O número consta do relatório “Fronteira Sul”, realizado anualmente pela organização, desde o final da década de 1980, que acrescenta que deste total de vítimas apenas 637 corpos foram resgatados.

    A maioria das mortes ocorreu nas Ilhas Canárias (1.239), arquipélago espanhol situado ao largo da costa noroeste africana, que integra a rota da África Ocidental, conhecida por ser extremamente perigosa e que nos últimos tempos tem atraído cada vez mais migrantes que desejam chegar ao território europeu.

    As restantes mortes foram registadas na zona do Levante Espanhol (231), no mar de Alborão (202) e no Estreito de Gibraltar (45).

    Em declarações à comunicação social, o coordenador da APDHA, Diego Boza, explicou que a crise pandémica veio multiplicar os desejos das pessoas de migrar, devido à perda de rendimentos básicos, e, por sua vez, a pandemia do novo coronavírus serviu de “desculpa” para “agravar a violação dos direitos humanos”.

    O relatório da APDHA cruza dados oficiais e informações recolhidas pela organização no terreno, nos locais de origem e de destino dos migrantes.
    “O aumento da chegada de embarcações às nossas costas ao longo de 2020 põe de novo em causa as políticas de migração, fundamentadas na repressão e na violação dos direitos humanos”, refereu o documento.

    Segundo os dados disponibilizados pelo Ministério do Interior espanhol, 41.861 pessoas conseguiram atravessar em 2020 a fronteira sul de Espanha, o que representa um aumento de 29% em comparação com o ano anterior.
    A ADPHA recorda, porém, que apenas 4,3% dos migrantes que entram em Espanha o fazem através da fronteira Sul.

    “O aumento das chegadas na fronteira Sul realça a volatilidade dos planos desenvolvidos pelo Governo para tentar reduzir a chegada de migrantes e, em geral, das políticas migratórias desenvolvidas pelo Governo de Espanha e da União Europeia (UE), cujo único norte é o controlo e a rejeição de migrantes nesta área”, salientou o relatório.

    O documento da APDHA lamentou o “desinteresse” do executivo espanhol de assumir a morte e o desaparecimento destas pessoas, defendendo a realização “imprescindível” de um registo exaustivo sobre esta matéria.

    De acordo com a associação andaluz, é necessário mostrar que estas vítimas são “a consequência directa das políticas de morte”.

    Diego Boza afirmou ainda que o papel do Governo tem sido “decepcionante”, referindo que o Executivo se limita a expressar condolências, sem tomar medidas para assumir a responsabilidade pelo que está a acontecer.

    A APDHA antevê que 2021 irá registar um aumento de chegadas de migrantes, devido às consequências económicas da actual pandemia.

    Perante tal cenário, a organização lançou uma campanha de angariação de fundos para melhorar a recolha de dados nos locais de origem e de destino dos migrantes para o próximo relatório, a publicar em 2022.

    OCEAN VIKING: Navio autorizado a desembarcar 116 pessoas
    O navio Ocean Viking, da organização SOS Méditerranée, com 116 migrantes a bordo e cinco casos detectados do novo coronavírus, foi autorizado a atracar no porto de Augusta, na Sicília, confirmou a organização nas redes sociais.

    A Organização Não-Governamental (ONG) havia solicitado, na segunda-feira, a atribuição urgente de um porto para atracar, depois de cinco migrantes receberem o resultado positivo para a Covid-19. As cinco pessoas foram colocadas em isolamento.

    O navio resgatou 106 migrantes no último sábado, incluindo várias mulheres e crianças, na sua segunda operação em poucos dias, depois de salvar outras 10 pessoas na quinta-feira, incluindo duas mulheres, um bebé e três crianças.

    No segundo resgate, os migrantes estavam num barco insuflável em águas internacionais a 34 milhas da costa da Líbia, em “estado emocional grave”.

    A primeira operação de salvamento, a cerca de 36 milhas da costa da Líbia, ocorreu depois de um barco da guarda costeira da Líbia solicitar a intervenção do Ocean Viking, pois a condição dos migrantes era grave e a guarda costeira não tinha médicos a bordo.

    O navio da ONG espanhola Open Arms também está a chegar à zona, enquanto o navio Sea Watch 3, da homónima organização alemã, foi imobilizado na Sicília pelas autoridades italianas por alegadas irregularidades.

    A Itália é uma porta de entrada privilegiada para os migrantes na Europa, mas a rota marítima entre o Norte da África e a Sicília é uma das mais mortíferas do mundo.
    Quase 530.000 migrantes desembarcaram nas costas da Itália desde o início de 2015, incluindo cerca de 6.000, desde o início do ano, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

    Desde Janeiro, 232 migrantes morreram ou desapareceram durante a sua viagem marítima para a Itália ou Malta, contra 983 durante o ano de 2020, acrescentou a agência da ONU.

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    FonteJA

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