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    Luta contra institucionalização da corrupção em Angola não começou com “Luanda Leaks”

    Rafael Marques diz que o “Luanda Leaks” veio ampliar a nível externo os ecos da investigação que fez, ao longo de vários anos, para denunciar crimes financeiros. Jornalista foi ouvido ontem no âmbito do “Football Leaks”.

    O jornalista angolano Rafael Marques falou à DW pouco depois de inquirido, por videoconferência, pelo Tribunal Central Criminal de Lisboa nesta quarta-feira (19.05) sobre as virtudes do “Luanda Leaks”.

    Na sua perspetiva, ampliaram a nível externo os ecos da investigação que fez, ao longo de vários anos, para denunciar crimes financeiros praticados por governantes que saquearam Angola durante o regime do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

    Os processos judiciais despoletados por “Luanda Leaks” representam a ponta do iceberg. Segundo Rafael Marques, “há muito por desvendar, mas o fundamental aqui é reter uma ideia: que os angolanos devem criar capacidade para resolver as suas questões dentro de Angola”.

    “Tanto aqueles que participaram do saque como aqueles que estão no poder agora, bem como a sociedade civil, devem encontrar mecanismos expeditos para que os fundos que foram retirados de Angola possam retornar ao país com urgência e serem aplicados em obras que sejam, de facto, para benefício das populações”, defende.

    Rui Pinto na mão do polícia
    (DR)

    O contributo do “Luanda Leaks”
    O jornalista angolano prestou esclarecimentos na sessão desta quarta-feira (19.05), na qualidade de uma das cerca de 40 testemunhas de Rui Pinto, em julgamento no âmbito do processo “Football Leaks”, que inclui o escândalo financeiro “Luanda Leaks”.

    Para Rafael Marques, o “Luanda Leaks”, que resulta do trabalho do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, contribuiu para a expor a corrupção em Angola pela imprensa internacional.

    “O Luanda Leaks”, praticamente essa mesma imprensa internacional decidiu expor, de forma coletiva, estes casos de grande corrupção, sobretudo envolvendo a Presidência da República e expondo as suas ligações a empresas de vários países, sobretudo Portugal”, recorda.

    Há uma semana, o tribunal ouviu Paulo de Morais, dirigente da Frente Cívica e um dos fundadores da Transparência e Integridade – Associação Cívica (TIAC), que prestou declarações na qualidade de testemunha de Rui Pinto.

    O activista Paulo de Morais diz estar exercer o seu direito a liberdade de expressão.
    (DR)

    “A complacência das autoridades portuguesas”
    O antigo candidato às presidenciais portuguesas reafirmou que o denunciante português “prestou um enorme serviço à comunidade”, no âmbito do “Footbal Leaks”.

    “Desde logo, os dados que ele disponibilizou através do processo “Football Leaks” vieram desvendar muita engenharia fiscal encoberta e permitiram inclusivamente a recuperação, sobretudo fora de Portugal, de muitos milhões de euros de impostos”, sublinha.

    E para Paulo de Morais “tão importante ou até mais que este é o caso “Luanda Leaks” para o qual contribuiu, que permitiu pôr a nu e trazer à comunidade um esquema de lavagem de dinheiro angolano feito em Portugal com a complacência das autoridades portuguesas, em particular a lavagem de dinheiro que era feita pela engenheira Isabel dos Santos”.

    O ativista anti-corrupção espera, também por essa via, “que grandes fortunas venham a ser arrestadas, confiscadas e devolvidas no fundo a quem lhe pertence, que é ou ao povo português ou ao povo angolano”.

    Entende que o bem que Rui Pinto fez à sociedade, “é bem maior que um eventual delito que tenha cometido no decurso destas investigações”.

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    FonteDW

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