O diplomata angolano João Samuel Caholo assume, desde ontem, o cargo de secretário executivo da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL).
Depois de ter sido aprovada, a 7 deste mês, pelo Conselho de Ministros, a candidatura de Angola foi ratificada, ontem, pelos Chefes de Estado e de Governo da organização. O diplomata substitui o congolês Zachary Muburi-Muita.
Diplomacia activa
João Caholo defendeu a aposta na mediação política e na diplomacia activa, para a resolução dos vários conflitos que assolam a região.Em declarações à imprensa, após a confirmação no cargo, o diplomata disse que, para o efeito, será realizado um programa de reestruturação e renovação do Secretariado Executivo, para torná-lo num instrumento multilateral e eficiente, à altura das expectativas dos países membros e parceiros de cooperação internacional.
“No cumprimento da minha missão, dedicar-me-ei às questões estruturantes da organização e das instituições do pacto, à mediação política e à diplomacia activa, para trabalhar e agir no interesse da região”, afirmou.
João Caholo considerou aqueles factores importantes para promover a paz, segurança, estabilidade e desenvolvimento dos países membros. João Samuel Caholo nasceu, a 10 de Julho de 1956, no Luena, província do Moxico.
É engenheiro geólogo de formação e serve a diplomacia angolana há mais de 20 anos. Da experiência diplomática destacam-se as funções de secretário executivo adjunto para a Integração Regional da SADC (2009 – 2013) e as de secretário executivo adjunto da SADC (2005 – 2009).
Durante a trajectória diplomática, o engenheiro já trabalhou para a União Africana e União Europeia, em todos os países membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), bem como em vários da África do Norte, Oriental, Ocidental e Central.
João Caholo dedicou o saber em missões que lhe foram confiadas nos países Nórdicos, Europa Ocidental, Federação da Rússia, América do Norte, América do Sul e Ásia.
Situação financeira
A Cimeira da CIRGL, de ontem, analisou, também, entre outros, temas relacionados com a situação financeira da organização, com destaque para o orçamento. Neste caso, foi aprovado o montante de 19 milhões de dólares para 2020-2021, dos quais nove milhões para este ano e dez milhões, para 2021.Em declarações à imprensa, no final da Cimeira, o ministro das Relações Exteriores, Téte António, disse que aquele valor foi aprovado, tendo em conta as condições actuais.
O chefe da diplomacia angolana disse terem sido introduzidas na organização boas práticas na gestão do orçamento. “Quer dizer que, a partir de agora, haverá a prática da auditoria às finanças da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos”, realçou.
Em relação aos relatório sectoriais, Téte António disse ter merecido muita atenção o relatório dos ministros da Defesa, por abordar situações de conflitos existentes na região, nomeadamente na RCA, RDC, Sudão do Sul e Sudão.O ministro não entrou em pormenores sobre a situação individual de cada país, mas sublinhou que a grande preocupação, neste momento, recai na presença de grupos armados na RCA, por “ser urgente” a sua erradicação.
Téte António disse que o bom desempenho do país, a frente da organização, determinou a sua eleição novamente. A delegação angolana contou com a presença dos ministros da Defesa Nacional e Veterano da Pátria, João Ernesto dos Santos, das Relações Exteriores, Téte António, das Finanças, Vera Daves, da Saúde, Sílvia Lutuca, do director do Gabinete do Presidente da República, Edeltrudes Costa, e do secretário do Presidente para os Assuntos de Comunicação Institucional e de Imprensa, Luís Fernando.
O evento foi acompanhado, também, a partir do edifício sede do Ministério das Relações Exteriores, à Mutamba, onde estiveram outros altos representantes da diplomacia angolana, entre os João Caholo.Além de Angola, são membros da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos Burundi, Congo, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Rwanda, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia, Uganda e Zâmbia.