O Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, deplorou ontem os bombardeamentos indiscriminados das populações na Líbia e afirmou que a resolução da ONU que permite a operação da OTAN não autoriza “uma mudança de regime ou um assassínio político” de Muammar Kadhafi. A declaração do Chefe de Estado sul-africano foi feita na abertura de uma reunião da comissão de mediadores da União Africana (UA) sobre a Líbia.
“Os bombardeamentos contínuos da OTAN e dos seus aliados são uma preocupação para a nossa comissão e para a assembleia da União Africana, porque a finalidade da resolução 1973 era proteger o povo líbio e facilitar os esforços humanitários”, disse Jacob Zuma.
“A finalidade não era autorizar uma campanha para uma mudança de regime ou um assassínio político”, acrescentou o Presidente sul-africano. Na declaração, Jacob Zuma considerou também que o “impasse militar” que se verifica no terreno “não pode eternizar-se indefinidamente”, tanto pelo “terrível custo em vítimas civis” como pela “potencial desestabilização de toda a sub-região”.
“O povo africano quer ver o fim imediato do conflito na Líbia e o início de um processo que conduza a um regime democrático”, afirmou, reafirmando que a solução deve ser política.
A comissão de mediadores da UA, composta pelos presidentes da África do Sul, Congo, Mauritânia, Mali e Uganda, reuniu-se ontem em Pretória para avaliar os esforços de mediação para uma resolução da situação na Líbia.
A reunião realizou-se a poucos dias da 17ª Cimeira da UA, marcada para 30 de Junho e 1 de Julho em Malabo, na Guiné-Equatorial, e num contexto de divisões entre os países africanos em relação à Líbia.
A UA propôs um “roteiro” para a Líbia prevendo um cessar-fogo e a instauração de um período de transição que conduza à realização de eleições livres, proposta aceite por Muammar Kadhafi mas rejeitada pelos rebeldes que combatem o seu regime.
Fonte: Jornal de Angola