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    Governos africanos precisam assumir a sério o compromisso agrário

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    Os governos africanos precisam “assumir a sério” o compromisso de desenvolvimento da agricultura, para atingir metas de produtividade e “tirar” o continente da permanente insegurança alimentar, defendeu a presidente da Aliança para Revolução Verde em África (AGRA).

    Dados do Programa Africano para o Desenvolvimento da Agricultura (CAADP, sigla em inglês), avançam que, dos 44 países africanos que assinaram a declaração de Maputo, em 2003, assumindo o compromisso de acelerar a produção e aumentar e dedicar 10% do investimento público para o sector agrário, apenas oito cumpriram a meta, 10 anos depois.

    “Até hoje, alguns países ainda não assinaram a declaração. Temos que assumir a agenda, pois ninguém o virá fazer por nós”, disse Jane Karuku, presidente da AGRA.

    Entre os países que ultrapassaram a meta, constam Burkina Faso, Etiópia, Gana, Guiné-Conacri, Malaui, Mali, Níger e Senegal. Já países como Moçambique e Angola situaram-se entre 5% a 6%, enquanto o Zimbabué decresceu uma média de 15%.

    Ainda segundo a fonte, apesar de haver grandes campanhas para aumento de produtividade em África, a partir de formação de pequenos grupos de camponeses associados e projectos de sucesso, houve pouco avanço na produção, para chegar aos 6% necessários para alimentar os 60 do activo laboral do continente, que depende da agricultura.

    A abordagem da cadeia de valores, disse, precisa ser tomada em conta pelos governos, face às alterações climáticas, que estão a mudar, afectando as práticas agrárias e as dinâmicas de produção, devido a infertilidade dos solos, embora a produção seja sustentável com o uso de pequenas quantidades de fertilizantes inorgânicos.

    “Com estes resultados dificilmente conseguiremos eliminar a insegurança alimentar e a ma nutrição do continente”, disse a queniana, nas vésperas do lançamento do 1º. Relatório Africano sobre a Agricultura.

    Contudo, o director-geral do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) disse que o país tem estado a assumir a agenda nacional, alinhada com a do continente, quanto ao aumento de produção e produtividade, com uma abordagem sustentável.

    Segundo o estudo do impacto da agricultura em Moçambique, de 2010, o potencial agrícola não é devidamente convertido na geração de receitas e na criação de emprego de modo tangível, o que exige do Governo, das entidades privadas, associativas e dos produtores singulares, uma nova forma de abordagem do sector agrícola.

    O estudo, conduzido pelas Organizações de Ajuda Mútua (ORAM) e a rede das organizações para a Segurança Alimentar (ROSA), indica que o uso de insumos modernos e da mecanização é bastante fraco, pois dos cerca de 3,3 milhões de produtores no país, apenas 3% usa fertilizantes ou pesticidas, 11% usa a tracção animal e apenas 5% usa sementes melhoradas.

    Igualmente, menos de 10% dos 90% das mulheres que se dedicam à agricultura têm acesso a financiamento agrário, o que marginaliza o género, que despende o seu tempo para assegurar a alimentação da família, indica o estudo.

    “Temos estado a aprender como investir os 10% no sector agrário. Estamos a caminhar para lá, visto que agora andamos à volta de 7%, e com um programa aprovado desde 2011 para potenciar a produção”, disse Inácio Mapossa.

    Dados publicados em junho de 2010 referem que a pobreza em Moçambique não registou nenhuma redução, no período que vai de 2002 a 2008, sublinhando-se que aumentou no seio dos maiores grupos de rendimento, onde se incluem os que se dedicam à agricultura.

    As estatísticas referem ainda que existem 3,3 milhões de pequenos produtores do sector familiar, com a dimensão média de 1,1 hectares de campos de cultivo. Os índices de produção da maioria das culturas em Moçambique são baixos.

    Moçambique acolhe na quarta-feira o terceiro fórum do AGRA, que vai reunir chefes de Estado africanos, ministros, empresas agrícolas privadas, instituições financeiras, agricultores, ONG, organizações da sociedade civil e cientistas para discutirem e desenvolverem planos de investimento concretos para promover o desenvolvimento agrícola em África. LUSA/EXPANSÃO

     

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