O realizador Miguel Gomes vai apresentar na segunda-feira, em Lisboa, o seu novo projeto cinematográfico, intitulado “As Mil e Uma Noites”, cujo argumento será baseado em trabalhos jornalísticos sobre a realidade portuguesa, anunciou hoje a produção.
De acordo com a produtora O Som e a Fúria, o projeto vai ser apresentado com mais detalhes na segunda-feira, às 15:00, no Cinema São Jorge, em Lisboa.
Na altura, indica ainda a produção, será apresentado um site na internet – as1001noites.com -, no qual serão publicados, ao longo de um ano, trabalhos jornalísticos sobre a realidade portuguesa, que constituirão uma base de pesquisa para o argumento do filme.
Na conferência de imprensa estarão presentes Miguel Gomes, o produtor Luís Urbano e a jornalista Maria José Oliveira.
Miguel Gomes estreou no sábado a sua nova curta-metragem, no Festival de Cinema de Veneza, e ficou satisfeito com a recepção do trabalho, segundo declarações que fez nesse dia, à agência Lusa.
Intitulada “Redemption”, a curta-metragem é uma ficção sobre os políticos Passos Coelho, Angela Merkel, Nicolas Sarkozy e Silvio Berlusconi, com estreia prevista em Portugal para finais de outubro, revelou.
A curta-metragem, com cerca de meia hora de duração, foi exibida fora de competição na 70.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza, numa sessão realizada de manhã para jornalistas e para a indústria do setor, e, à tarde, em sessão oficial do certame.
Do filme tinha sido apenas divulgada uma pequena sinopse pela produtora O Som e a Fúria, que falava em quatro personagens a viver em diferentes lugares e momentos na Europa – uma criança em Portugal, em 1975, uma noiva na Alemanha, em 1977, um idoso na Itália, em 2011, e um pai, em França — todos em busca da redenção.
“Nós optámos por uma estratégia, e resolvemos não divulgar um dado muito importante sobre o filme: quem são as personagens. O filme já foi exibido, portanto já não podemos esconder que as quatro personagens são Pedro Passos Coelho, Angela Merkel, Nicolas Sarkozy e Silvio Berlusconi”, revelou o realizador à Lusa, numa conversa telefónica.
Miguel Gomes descreveu a curta-metragem como uma ficção sobre a intimidade destes políticos, personagens que se desenvolvem através de monólogos, ao longo do filme, mas cuja identidade só é revelada no final.
“Nós vemos uma ficção a partir deles, vemo-los numa intimidade ficcionada, porque não os conheço pessoalmente”, apontou o realizador nascido em Lisboa, em 1972, que assinou o filme “Tabu” (2012), premiado em vários festivais de cinema, nomeadamente na Alemanha, Espanha, Bélgica e Croácia.
Nas palavras de Miguel Gomes, os quatro políticos “estão presos afetivamente a qualquer coisa do seu passado”. “Estão melancólicos por algo que se passou na vida deles e à qual estão agarrados, procurando a redenção”.
“O filme vive da tensão entre aquilo que sabemos e pensamos dessas pessoas, como figuras públicas, e aquilo que o filme inventa como hipótese para a sua intimidade”, apontou, acrescentando que tentou “criar histórias que são muito simples, com um lado quase universal, porque poderiam acontecer a qualquer um de nós”.
A curta-metragem deverá estrear-se em sala, em Portugal, no final de outubro, início de novembro, em conjunto com outro filme.
Esse filme será o documentário “Terra de Ninguém” (2012), de Salomé Lamas, distinguido na última edição do DocLisboa, que teve estreia internacional em Berlim, este ano, “que também tem um lado de redenção no personagem em causa, um mercenário português que já faleceu, e fez a guerra de África”. (noticiasaominuto.com)
