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    Estrangeiros repatriam lucros de 944 mil milhões Kz

    (Foto: D.R.)
    (Foto: D.R.)

    Comparativamente a 2011, altura em que foram repatriados pouco mais de 876 mil milhões Kz houve um crescimento de 7% no valor total de lucros e dividendos que foram mandados para o exterior, o que contribuiu para o agravamento do saldo dos rendimentos primários.

    Cerca de 9,7 mil milhões USD (944 mil milhões Kz) de lucros e dividendos foram repatriados do País no ano de 2012, segundo indicam dados da balança de pagamentos publicada, recentemente, pelo Banco Nacional de Angola (BNA) no seu website.

    Este facto, aliado aos juros de empréstimos pagos ao exterior, estiveram na base do agravamento verificado no saldo dos rendimentos primários, explica o banco central. Comparativamente a 2011, altura em que foram repatriados pouco mais de 9 mil milhões USD (976 mil milhões Kz) houve um crescimento de 7% no valor total de lucros e dividendos que foram mandados para o exterior.

    Outra fonte de saída de divisas para o estrangeiro foram os rendimentos secundários, onde se incluem entre outras as remessas de emigrantes.Em 2012 saíram de Angola 1.528,1 milhões USD de rendimentos secundários, mais 16,7% do que em 2011. As transferências pessoais caíram 15%, mas as outras transferências correntes deram um pulo de 33,3%.

    A conta de rendimentos primários apresentou um saldo deficitário de 10,4 mil milhões USD em 2012, contra os 9,6 mil milhões USD do período homólogo de 2011, o que representou um agravamento de 7,5%, enquanto à semelhança de anos anteriores, em 2012 o saldo da conta de rendimentos secundários manteve a sua tendência deficitária, representando um agravamento de 29,4%, em relação ao período homólogo do ano anterior, ao passar de 1,3 mil milhões em 2011 para 1,7 mil milhões em 2012.

    Tal resultado esteve ligado, principalmente, ao agravamento de outras transferências correntes e a redução dos créditos em 33,7% e 42,1%, respectivamente. Investimento estrangeiro directo cresceu A balança de pagamentos, documento que regista as transacções económicas ocorridas em 2012, dá conta que o investimento directo estrangeiro bruto realizado em Angola no período em análise atingiu os 14,8 mil milhões USD, contra os 14,1 mil milhões USD, no período homólogo, representando um crescimento de 5,2%.

    Este fluxo, de natureza essencialmente privada não financeira, relaciona-se com a execução de projectos ligados maioritariamente ao sector petrolífero (96,7%), seguido da prestação de serviço com 1,9%, indústria (0,8%), construção civil (0,5%), comércio (0,1%) e agricultura (0,01%). Deste modo, a recuperação do investimento directo estrangeiro fixou-se em 21,7 mil milhões em 2012 contra os 17,1 mil milhões em 2011, um aumento de 28,5%, resultante fundamentalmente das receitas geradas pelo sector petrolífero.

    No sentido inverso, o investimento directo angolano no estrangeiro passou de pouco mais de 2 mil milhões USD em 2011 para 2,7 mil milhões em 2012, um crescimento de 31%, resultando num investimento directo líquido deficitário que se fixou nos 9,6 mil milhões USD, face aos 5,1 mil milhões USD de 2011, um agravamento de 88,4%.

    O BNA nota no seu relatório sobre a balança de pagamentos referente ao ano de 2012 que o investimento directo estrangeiro no País representou 6,04% do Produto Interno Bruto (PIB) contra 2,9% no ano de 2011, enquanto o investimento directo de Angola no estrangeiro representou apenas 2,4% do PIB contra 2,01% do período homólogo.

    Serviços melhoram A conta de serviços apresentou um défice de 21,3 mil milhões USD no período em análise, traduzindo- se numa melhoria de 7,0%, comparativamente a 2011, cujo défice foi de 22,9 mil milhões USD. Para a obtenção deste resultado, o banco central aponta como causa a redução dos débitos em 6,6% de 23,6 mil milhões USD para 22,1 mil milhões USD, bem como o aumento dos créditos na ordem de 6,5% de 732,3 mil milhões USD para 780,0 mil milhões USD.

    O comportamento dos débitos foi, conforme avança o relatório da balança de pagamentos, impulsionado principalmente pela contracção de outros serviços em 11,8%, com destaque para os serviços de construção, de negócios e despesas do Governo com 21,5%, 3,1% e 22,9% respectivamente, apesar do aumento das despesas com serviços de transportes e Viagens em 787,7 milhões USD, comunicações (103,3 milhões USD) e seguros com 63,4 milhões USD.

    Por sua vez, acrescenta, os créditos foram influenciados pelas viagens, que atingiram um crescimento de 9,3%.

    Comércio favoreceu o País

    Os dados da balança de pagamentos indicam, por outro lado, que o comércio de bens entre Angola e o resto do mundo em 2012, mostrou-se favorável ao país, tendo em conta o volume de receitas de exportação de petróleo bruto obtido no período em referência.

    Olhando para os números do comércio externo nota-se que, de 2011 a 2012, ocorreu um ligei-ro aumento de 0,6% do saldo da conta de bens ao passar de 47.0 mil milhões para 47,3 mil milhões USD, provocado pelo crescimento mais expressivo das importações em relação às exportações, cujas variações percentuais foram de 17,2% e 5,6%, respectivamente.

    O petróleo bruto dominou a estrutura das exportações do País. Contrariamente aos últimos três anos, em 2012 constatou- se um crescimento do volume de petróleo bruto exportado, principal factor impulsionador do aumento das receitas totais de exportação, que atingiram 68,8 mil milhões USD.

    Enquanto isso, as receitas resultantes da exportação dos derivados de petróleo, diamantes, café e outros produtos reduziram em relação ao ano de 2011. Importações cresceram 17,3% Em 2012, ainda de acordo com o BNA, a oferta externa de bens com vista a satisfação das necessidades internas de consumo e investimento atingiu os 23,7 mil milhões USD, o que representa um crescimento na ordem dos 17,3% face a 2011.

    Para o economista José Cerqueira, que falou ao Expansão sobre a balança de pagamentos (ver página 6), o facto de as importações terem crescido não pode ser visto como algo negativo para Angola, porque, como advogou, “Angola não poderá dotar-se de infra-estruturas modernas se reduzir a importação, não só de equipamentos, como também de bens de consumo”.

    As categorias de bens que determinaram o aumento das importações foram essencialmente os combustíveis, os bens alimentares, as máquinas e instrumentos mecânicos, os veículos automóveis e as máquinas, aparelhos e materiais eléctricos, tendo as despesas com importação dos mesmos representado cerca de 62,1% do valor total das importações de 2012 (ver infografia nas páginas 4 e 5).

    À semelhança de anos anteriores e de acordo com a classificação económica das importações, os bens de consumo corrente, em termos absolutos, apresentaram um crescimento superior em relação aos bens de capital e de consumo intermédio, se cifrado em 1,9 mil milhões USD, 1,0 mil milhões USD e 433,0 milhões, respectivamente.

    Como consequência da baixa produção interna, os bens de consumo corrente tem um peso significativo na estrutura das importações (58,3%), ao passo que os bens de capital que viabilizam o processo de diversificação económica, tiveram um peso de apenas 29,6% nas importações totais, o que para alguns especialistas demonstra que o processo da tão perseguida diversificação económica ainda decorre de forma tímida. (expansao.ao)

    Por: Francisco de Andrade

     

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