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    Estados Unidos-China

    Como serão, após a vitória de Joe Biden nos Estados Unidos, as relações entre esse país e a China? Essa é, possivelmente, a grande incógnita do futuro imediato no plano das relações internacionais, com repercussões autenticamente globais.

    A verdade é que a China saiu reforçada, para já, da actual crise pandémica, por duas razões. A primeira foi a maneira como soube lidar com o novo coronavírus, pondo em execução um plano nacional unificado para combater a sua disseminação.

    A segunda foi a sua rápida recuperação económica, apesar da Covid. “A China foi a única economia mundial que cresceu 2,3 por cento durante a pandemia”, lembra a pesquisadora brasileira Melissa Cambuhy, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

    Os dois países, entretanto, continuam a disputar a liderança do comércio e da economia mundiais. Os primeiros sinais apontam para a continuidade, por parte da nova administração americana, da política de confronto com Pequim. Por isso, os EUA ficaram agastados com o recente acordo entre a União Europeia e a China, após sete anos de complexas negociações.

    A maioria dos observadores considerou a decisão europeia, impulsionada pela Alemanha, como uma manifestação de autonomia, o que poderá ser benéfico para o equilíbrio geopolítico mundial.

    Duas questões políticas estão no centro da atitude da administração Biden em relação à China, pelo menos nestas primeiras semanas: a repressão dos uiguires por parte de Pequim e a situação em Hong Kong.

    Os referidos temas são considerados pelas autoridades chinesas como sendo estritamente “problemas internos” do país, o que é obviamente discutível, mas a análise precisa de ponderar.Assim, o Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou no recente Fórum Económico Mundial, em Davos: – “Não há civilização humana sem diversidade e diferenças históricas. Em vez do ódio e do preconceito, a escolha certa é a coexistência pacífica”.

    O factor tecnológico desempenha também um papel decisivo na polarização sino-americana. Refiro-me à tecnologia 5G. “Sem 5G não existe indústria 4.0”, lembrou Melissa Cambuhy.

    De facto, a mesma é essencial para ter acesso às novas inovações que permitirão o aumento da produtividade e do valor agregado. Ou seja, o 5G terá uma implicação directa na sofisticação produtiva.Recorde-se, aqui, que a China, cuja empresa líder neste sector é a Huawei, já está envolvida com a elaboração da tecnologia 6G.

    A influência externa é o terceiro domínio onde os dois países disputam actualmente a liderança. Há anos que a China tem vindo a estabelecer relações com um conjunto crescente de países em vários continentes, a fim de combater a hegemonia americana. A aproximação com a Rússia também faz parte desse jogo.

    Devido ao aumento da influência internacional chinesa, incluindo em África, mas não só, os adversários de Pequim têm acusado o país de ter uma política imperialista.

    Outros observadores, contudo, lembram que, enquanto a China faz investimentos no exterior, os EUA mantêm uma série de bases militares em todo o mundo. Para esses observadores, aquela acusação é “absurda”.

    Para finalizar, há um assunto em relação ao qual os dois países parecem condenados a cooperar: as mudanças climáticas. Disse Xi Jinping em Davos: – “Só há uma Terra e um futuro compartilhado pela humanidade.

    Precisamos ficar juntos, dar as mãos e deixar o multilateralismo guiar-nos”. John Kerry, o czar do ambiente nomeado por Biden, disse a mesma coisa, por outras palavras, algumas semanas depois.

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