O novo executivo guineense é composto por sete partidos: PAIGC, PRS, PTG, União para a Mudança, Partido da Convergência Democrática, Movimento Democrático Guineense e Partido Social Democrata. “Esta é uma formação da inteira responsabilidade do partido que venceu as eleições, a coligação PAI-Terra Ranka. Não há sinais de interferência do Presidente da República, em determinar pessoas para algumas pastas. É um governo de responsabilidade de um partido que tem um contrato social com o povo”, descreve o analista guineense, Fodé Mané.
A única formação que está fora do governo é o Madem-G15, “a formação que sustentou o actual regime, que depois foi destituído e isso mostra a vontade de estabilidade e a não disponibilidade de guerrilhas entre os partidos”, afirma.
Segundo Fodé Mané, existe na Guiné-Bissau um fantasma do passado “de que pessoas consigam conspirar e derrubar o governo. Nenhum analista atento pode garantir que um governo vá durar toda a legislatura porque a estabilidade não vem só dos partidos, mas também de forças vivas da nação; das forças armadas, dos interesses geo-estratégicos, da criminalidade organizada”.
O Presidente guineense nomeou este domingo, 13 de Agosto, seis dos antigos membros do governo anterior como conselheiros para diversas áreas. O analista Fodé Mané lembra que, no ano passado, foi publicado um decreto presidencial para exonerar todos os conselheiros, alegando cortes orçamentais. “Temos um governo com 34 pessoas a dirigir o país e um governo do Palácio acima de 40. Está aqui uma intenção de dificultar ou de criar atritos com o governo”, sublinha.
O analista acredita que o governo deve começar por resolver o problema da liberdade de expressão no país. “Toda a liberdade de expressão, principalmente, a liberdade de imprensa foi ameaçada através de um decreto, criando taxas exorbitantes para quem quisesse exercer qualquer foram de imprensa. Um decreto que vai ser revisto pela coligação do PAI-Terra Ranka”, garante Fodé Mané.
“O ministério do Interior era a entidade usada, através das suas diferentes forças, para reprimir os opositores ou pessoas que pensam de forma diferente. A ministra do Interior, Adiato Djaló Nandigna, e o secretário da Ordem Pública, Marciano Indi, foram as primeiras pessoas raptadas, espancadas por este regime. Certamente, terão memória de que não é boa ideia tentar restringir a liberdade das pessoas. Há condições para que as liberdades sejam exercidas”, defendeu Fodé Mané.