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    É preciso ultrapassar o espírito de vingança

    O bispo do Bié disse ao Jornal de Angola que uma década após a conquista da paz é importante continuar a trabalhar para apagar as sequelas da guerra que afectaram a “consciência de muitos angolanos”.
    D. José Namby lembrou que perdão significa ultrapassar sobretudo “o espírito de ódio e de vingança”, pois “só assim se forma uma nova Angola” onde todos possam olhar o futuro com confiança. O bispo referiu que “melhoraram as condições da província destruída pela guerra e da própria população”. Embora haja ainda muita coisa a fazer, afirmou, o que foi realizado é digno de realce.
    A guerra, insistiu, deixou muitas feridas e traumas, pelo que é preciso fazer um trabalho profundo a nível espiritual e moral. O bispo acentuou “o desenvolvimento do Cuito sem se esquecer os demais municípios, que “não estão todos em pé de igualdade”, mas disse haver “sinais de boa-vontade do Governo Provincial para mudar a situação”.
    D. José Namby declarou que se devem conjugar esforços para haver um espírito de concórdia entre os angolanos e que todos, “psicólogos, sociólogos e a própria Igreja”, devem colaborar “na formação da consciência do novo homem angolano”.  “Nós, Igreja, primamos pela formação da consciência e por isso trabalhamos a todos os níveis, sobretudo junto dos jovens, para as pessoas se reencontrarem com o perdão, que significa ultrapassar o espírito de ódio e de vingança”, declarou.

    Perfil

    José Namby nasceu em 1949 em Tchinjenje, Huambo, e foi ordenado sacerdote em 1976. Foi diácono até 1978 na Igreja de S. José da Caponte, Lobito.  A seguir foi para Roma, onde estudou. Em 1984 regressou à Paróquia de S. José da Caponte até ser nomeado vigário geral da Diocese de Benguela, em 1987.  Em 1995, foi consagrado bispo coadjutor do Cuito e em 17 de Março de 1996 foi ordenado bispo.
    O vice-governador do Bié para esfera política e social sublinhou, ao Jornal de Angola, o empenho do Executivo na construção de casas, reconstrução de infra-estruturas e criação de emprego na província.

    Melhorias em todos os sectores

    Carlos da Silva disse serem visíveis os investimentos na província após a independência nacional, principalmente nos dez anos de paz, que proporcionaram melhor vida à maioria da população. A situação dos habitantes da província, referiu, melhorou bastante, embora existam ainda sectores que têm de ser melhorados.
    A construção da nova centralidade no Cuito, o aumento do número de crianças no sistema de ensino, de escolas, entre as quais as de nível superior, e de professores, bem como as melhorias registadas na distribuição de energia eléctrica e de água potável em todos os municípios foram exemplos mencionados pelo vice-governador.  Este ano há 517.959 alunos matriculados, 4.096 salas e 12.629 professores.
    Além dos estabelecimentos de ensino primário e médio, o Bié tem o Instituto Superior de Ciências de Educação, com os cursos de psicologia, matemática e geografia, e a Escola Superior Politécnica, com cursos de contabilidade e enfermagem.
    O sector comercial regista igualmente avanços, com aberturas de vários estabelecimentos, entre os quais Nosso Super, PEP Comercial, Safri Limitada e a inauguração em breve do Shoprite.
    Na hotelaria também se verificam melhorias, com a instalação de algumas unidades no Cuito e no interior da província, que proporcionaram a criação cerca de 600 postos de trabalho.

    Recuperar o tempo roubado pela guerra

    O director da Juventude e Desportos do Bié disse, ao Jornal de Angola, que o sector  na província, 37 anos após a independência, “está longe do desejado” por falta de infra-estruturas.
    Anastácio Sambowe lembrou que a situação se deve à guerra que destruiu muitas instalações entre as quais desportivas, mas referiu que em breve são construídos em todos os municípios campos de futebol com bancadas e recintos para a prática de outras modalidades.
    Na comuna do Cunje, Cuito, afirmou, está em construção um recinto polidesportivo e “não tarda as sedes comunais têm todas campos de futebol”.
    Apesar de tudo, “o desporto ganha nova dinâmica com reaparecimento das equipas do Benfica do Andulo, Benfica do Cunje, Vitória Atlético e a Escola de Atletismo Sagrada Esperança.
    As modalidades mais praticadas, disse, são atletismo, basquetebol, andebol e futebol, mas a que regista mais êxitos é a ginástica graças ao Sporting do Bié, cujo pavilhão foi reabilitado. O campo de futebol dos eucaliptos, recordou, também beneficiou de obras e passou a ter dois relvados e em alguns municípios foram recuperados os espaços comunitários para a prática desta modalidade.
    A construção de recintos polidesportivos  nas escolas Puniv e 4 de Abril e a reabilitação dos espaços também para a prática desportiva na Escola IMNE-Marista, disse, foram outras apostas do Governo Provincial a nível do sector.

    Estrada Cuito | Luena está a  ser reabilitada

    O director das Obras Públicas no Bié sublinhou ao Jornal de Angola a importância do reinício das obras de reabilitação e ampliação da Estrada Nacional 250 que liga aquela província ao Moxico.
    As obras, que começaram em 2004 mas estiveram interrompidas durante bastante tempo devido à chuva, recomeçaram agora com os trabalhos de terraplanagem, regularização da base e aplicação de betão, referiu Fernando Chatuvela.
    A reabilitação das estradas secundárias e terciárias, afirmou, é outra das prioridades das autoridades provinciais, por constituírem alternativa às estradas principais

    Programa de habitação

    A primeira fase da construção de casas de âmbito social, disse, também decorre a bom ritmo. Nesta fase são construídos cem fogos habitacionais em cada um de sete dos nove municípios da província.
    O programa estabelece a construção de 200 fogos em cada um dos nove municípios. Também há outro programa que prevê a construção de seis mil fogos habitacionais no Cuito e de mil no Andulo.

    Governador do Zaire satisfeito com as obras

    O governador do Zaire, Joanes André, que visitou recentemente o Nzeto, fez a viagem por terra para poder verificar o andamento das obras de construção da Estrada Nacional 111 entre Soyo e Luanda, que passa por aquele município. A viagem de Joanes André permitiu-lhe não apenas observar o desenrolar dos trabalhos da Estrada Nacional, que começou já a ser asfaltada e passa pelo Caxito, como visitar algumas comunas.
    Na localidade do Quifuma, a cerca de 27 quilómetros do Soyo, o governador ouviu explicações técnicas do empreiteiro responsável pelas obras.

    Execução de pontes

    Alguns quilómetros è frente, parou junto ao rio Muenji onde está a ser construída uma das nove pontes que fazem parte do projecto de EN 111. Joanes André disse ao Jornal de Angola ter gostado do que viu e incentivou o empreiteiro a continuar os trabalhos ao mesmo ritmo.
    No rio Luela, onde também está a ser erguida uma ponte, o governador confirmou também o bom andamento dos trabalhos.
    O supervisor da empresa que constrói oito das noves pontes no do troço Casa-de-Telha/Soyo afirmou que cinco delas estão a ser feitas em simultâneo e que nas obras trabalham 500 pessoas, muitas das quais angolanas.

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