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    Contrato para gestão do Porto de São Tomé faz cair ministro das Infraestruturas

    Decisão é consequência direta dos protestos dos trabalhadores da Enaport contra acordo de gestão do Porto

    Uma semana depois dos trabalhadores da Empresa Nacional de Administração dos Portos (Enaport) terem protestado contra um contrato para a gestão do Porto de São Tomé e pedido esclarecimentos à tutela da empresa, o ministro das Infraestruturas, Recursos Naturais e Ambiente renunciou ao cargo numa decisão que ele considera “imediata e irreversível”.

    “O meu pedido de demissão resulta de uma profunda reflexão e medida ponderação, em perfeita consciência de que, com esta ação contribuo para resolução de parte significante de um problema conjuntural”, escreveu Adelino Cardoso na carta enviada ao Presidente da República e do primeiro-ministro e dada a conhecer nesta terça-feira, 2, em que diz “que os últimos acontecimentos tornados públicos, sobretudo, decorrentes das intervenções nas empresas públicas tuteladas pelo Ministério que dirijo, retiraram o conforto necessário a continuação do trabalho que enquanto ministro, pretendia desenvolver e o legado que, modestamente pretendia deixar como contributo, através das minhas funções para o desenvolvimento do país”.

    A decisao de Cardoso é consequência direta dos protestos iniciados há uma semana pelos trabalhadores da Enaport que denunciaram como inaceitável o contrato de Gestão Operacional para um período de cinco anos, assinado entre o Governo e a empresa francesa África Global Logístic (AGL) a 20 de dezembro.

    O documento tem a assinatura do agora demissionário ministro, do diretor da Enaport, Hamilton de Sousa, e do representante da empresa AGL, Pierre-François Pioriou, e cita o Presidente da República, Carlos Vila Nota, e o primeiro-ministro, Patrice Trovoada.

    Adelino Cardoso afirmou, no entanto, ter agido sempre “com lealdade e de acordo com os objetivos definidos no programa do Governo”.

    Pressão dos trabalhadores

    Depois do posicionamento dos trabalhadores que pediram esclarecimentos e fizeram protestos junto à seda da empresa, o gabinete do ministro das Infraestruturas, Recursos Naturais e Ambiente emitiu um comunicado no dia 28 no qual disse que “o Porto permanecerá sempre na esfera jurídica do Estado são-tomense” e “será gerido por uma direção nacional e controlado pelo Estado”.

    No entanto, a nota acrescentou que a empresa terá “assistência técnica e operacional de uma equipa de peritos internacionais competentes e experientes em matéria de gestão portuária”.

    No comunicado lê-se ainda que o acordo de gestão operacional foi assinado com a África Global Logistic, filial da Mediterranean Shipping Company (MSC), “líder mundial no transporte de contentores e logística” em busca de “soluções para os problemas que de forma gritante e galopante afligem” as populações e “impactam negativamente na economia do país”.

    Os trabalhadores da Enaport tinham ameaçado com uma greve por tempo indeterminado a começar na sexta feira, 5, caso Adelino Cardoso não fosse ao porto dar explicações sobre o contrato.

    O acordo determina que a AGL, uma sociedade anónima simplificada registada em França, “entra neste acordo apenas como acionista da empresa operadora”, que será “incorporada sob as leis de São Tomé e Príncipe, cuja sede social será em São Tomé”.

    Nem o Presidente nem o primeiro-ministro pronunciaram-se ainda sobre o pedido de demissão.

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    FonteVOA

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