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    Conselho Islâmico guineense é contra o envio de crianças talibés para as ilhas

    Organização aprova que se retire as crianças das ruas, mas que sejam colocadas num lugar onde poderão apreender a religião islâmica de forma organizada.

    O porta-voz do Conselho Nacional Islâmico (CNI) da Guiné-Bissau, Siradjo Bary, disse este sábado (12.08) que a sua organização é contra a medida anunciada esta semana pelo primeiro-ministro Umaro Sissoco de retirar das ruas e enviar para as ilhas crianças talibés.

    “Para nós é estranho ouvir que há uma ordem para prender e mandar as crianças talibés para as ilhas”, declarou Siradjo Bary, em entrevista à rádio Capital FM de Bissau, sublinhando ser normal que os jovens talibés peçam esmolas, sob orientação dos seus mestres.

    O talibé é um adolescente ou jovem muçulmano sob o cuidado de um mestre que o ensina o Corão, o mais importante livro da religião islâmica. Durante esse processo muitos aparecem a pedir esmolas pelas ruas de cidades guineenses e de países vizinhos para onde são mandadas pelos pais.

    Ensinamentos do Islamismo

    O próprio Siradjo Bary disse ter servido o seu mestre corânico no Senegal, para onde foi estudar a religião, mas nos campos de lavoura. Na Guiné-Bissau, explicou, os mestres corânicos, por não terem campos e lavoura, mandam os seus alunos pedir esmola.

    “É normal que uma criança em aprendizagem trabalhe para o seu mestre”, no campo ou pedindo esmola, sublinhou o porta-voz do CNI, notando ainda não ser crime pedir esmola. “Isso não constitui crime nenhum, quem quiser oferecer algo às crianças oferece, quem não quiser não lhes dá nada. Não estão a roubar nada de ninguém”, observou Siradjo Bary.

    O Conselho Islâmico da Guiné-Bissau aprova que se retire as crianças das ruas, mas que sejam colocadas num lugar onde poderão apreender a religião de forma organizada, assinalou Siradjo Bary.

    Sissoco declarou esta semana que “qualquer criança encontrada na rua a pedir esmola será detida e mandada para as ilhas”. No entanto, o primeiro-ministro guineense esclareceu depois que não pretende mandar prender crianças, mas retirá-las das ruas, porque mendigar esmola não faz parte do ensino do Corão.

    Solução contra a mendicidade

    Em entrevista à DW esta semana, o secretário-executivo da Associação dos Amigos da Criança (AMIC) da Guiné-Bissau, Laudolino Medina, afirmou que os mestres corânicos “estão a enriquecer, e de que maneira, às custas da mendicidade e da exploração das crianças”.

    A Liga dos Direitos Humanos (LGDH) da Guiné-Bissau disse em comunicado que as declarações de Sissoco “ignoram o verdadeiro drama social por que passam milhares de crianças, forçadas a deambular nas ruas de Bissau”.

    Como solução, a LGDH da Guiné-Bissau propõe a “aprovação de uma lei [pelo Governo] contra a mendicidade forçada, criando assim uma base jurídica forte para a erradicação desta prática cultural violenta”.

    O CNI reuniu-se já com o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Soares Sambú, na ausência do primeiro-ministro, que se encontra fora do país, em visita privada. Assim que Umaro Sissoco chegar ao país o CNI será recebido em audiência para esclarecer a questão, afirmou Siradjo Bary. (DW)

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