A Costa Rica vai às urnas no domingo para votar no segundo turno das presidenciais na Costa Rica por dois candidatos – Fabricio e Carlos Alvarado – que, apesar de ostentarem o mesmo sobrenome, são de tendências opostas: um é conservador, e o outro, de centro-esquerda.
A seguir, o perfil dos dois candidatos na disputa, na qual o pastor evangélico Fabricio aparece como favorito.
– Fabricio Alvarado, pastor evangélico e cantor –
A música sempre esteve no centro da vida do pastor Fabricio Alvarado desde que aprendeu a tocar violão, ainda criança, até chegar às igrejas evangélicas como cantor e agora como candidato presidencial de um partido nascido do movimento neopentecostal.
Deputado e candidato do conservador partido de Restauração Nacional, Fabricio Alvarado, 43 anos, também é um conhecido jornalista de televisão. Casado e pai de dois filhos pequenos, Alvarado vem de uma família classe média, que assumiu os cuidados com a mãe quando seus pais se separaram – uma experiência traumática, segundo ele.
Esse trauma foi superado em 2003 quando, já jornalista, entrou para a igreja evangélica Ríos de Alabanza, onde veio a conhecer sua esposa.
De estilo retórico e emotivo, percorreu o país levando sua mensagem de “mãos limpas” para contrastar com o escândalo de tráfico de influência que atinge o actual governo.
Em uma entrevista, confidenciou ter se candidatado a deputado em 2014 quando o aspirante de seu partido desistiu de participar da convenção partidária faltando uma semana.
“Não ia ser candidato a nada”, afirmou, acrescentando ter mudado de ideia após “consultar Deus, a esposa e o pastor”.
Sem grandes experiências políticas, insiste nos comícios “que foram justamente pessoas com experiência que nos deixaram más experiências”.
Alvarado admite que sua ameaça de retirar a Costa Rica do Tribunal Interamericano de Direitos Humanos em represália pela opinião do órgão a favor do casamento homossexual o tornou conhecido mediaticamente e o fez disparar nas pesquisas, até ser o candidato mais votado no primeiro turno.
– Carlos Alvarado: escritor e roqueiro –
Apaixonado pela literatura, com três romances publicados, Carlos Alvarado Quesada, de 38 anos, é um músico que ama o rock, mas para chegar à Presidência da Costa Rica, destaca sua experiência política para manter a centro-esquerda no poder.
Alvarado se tornou figura pública na Costa Rica pela militância no governista Partido Acção Cidadã (PAC, centro-esquerda), que lançou sua candidatura à Presidência.
Jornalista e cientista político, com fala pausada e voz grave, tem como marca de sua campanha a mensagem de unificação do país e renovação do partido no poder, aglutinando forças de outros grupos políticos.
Carlos Alvarado casou-se com a namorada do colégio, Claudia Dobles, com quem tem um filho, Gabriel.
De pai engenheiro e mãe dona de casa, Alvarado é o filho do meio de três irmãos de uma família de classe média. Seu irmão mais velho, Federico, é engenheiro como o pai e sua irmã caçula, Irene, é economista.
Estudou jornalismo na Universidade da Costa Rica (UCR) e exerceu a profissão no jornal universitário e no semanário Ojo.
Foi na época da faculdade que teve sua principal experiência na música, como vocalista da banda de rock progressivo Dramátika.
Decidiu deixar o jornalismo quando entrevistou uma senhora de um bairro pobre, cujo filho – com problemas psicológicos – tinha sido assassinado, segundo entrevista concedida à emissora Teletica.
Estudou Ciência Política na UCR e posteriormente conseguiu uma bolsa de estudos em desenvolvimento na Universidade de Sussex, na Inglaterra.
De volta à Costa Rica, foi coordenador de comunicação da campanha eleitoral do presidente Luis Guillermo Solís, em 2014. Após a eleição, é nomeado ministro de Desenvolvimento Social, ficando a cargo de programas de apoio às populações mais pobres.
Dois anos depois de iniciado o governo, o presidente Solís pede a Alvarado para assumir o Ministério do Trabalho, onde se destacou por reduzir privilégios nas convenções colectivas do sector público.
Como candidato do PAC, precisa arcar com o desgaste do governo actual, que teve sua imagem abalada por um escândalo de tráfico de influência e pelo aumento da violência relacionada com a criminalidade. (Afp)