Mais do que um álbum – um legado!
No seu novo álbum, “Recados de Fora”, Bonga – que acabou de celebrar o seu 74º aniversário, leva-nos num percurso fascinante pelas várias épocas e continentes, tendo sempre o Oceano Atlântico como elo de ligação.
O cantor, autor e compositor, retorna à sua juventude, às memórias de uma tomada de consciência acutilante da colonização, à sua iniciação na música pelo pai, ao seu amor pelo símbolo da identidade nacional angolana, o semba. Na verdade, como um dos últimos grandes nomes da música africana pós-colonial, pode dizer-se hoje, que Bonga encarna o semba. Bonga é semba! – Facto claramente refletido em “Tonokenu”, uma música na mais pura tradição das suas raízes.
Viagem no tempo, “Recados de Fora”, é também uma oportunidade para recordar pessoas maravilhosas que marcaram o percurso do artista, ao exemplo da versão de “Odji Maguado” do compositor B.Leza, a reacender a chama do afecto que Bonga nutre por Cabo Verde, lembranças das suas primeiras sessões de gravação em Roterdão em 1972, quando tocava e muito convivia, com músicos do arquipélago. É também uma homenagem à sua querida amiga Cesaria Evora, que incluía esse tema no seu repertório. “Banza Rémy” evoca a longa amizade com Remy Kolpa-Kopoul, jornalista francês desaparecido prematuramente, voz inesquecível e grande conhecedor da música brasileira, da qual Bonga agora resgata o antigo tema do compositor Zé do Norte, “Sodade, Meu Bem Sodade”, interpretado em 1953 por Vanda Orico, mais tarde (1972) Caetano Veloso introduziu trechos do tema em “It`s a long way” do disco Transa, Maria Bethânia, Nana Caymmi ou Nazaré Pereira foram outros nomes que recriaram o mítico “Sodade, Meu Bem Sodade”, a que Bonga dá vida numa singular versão, em que a sua voz rasga a saudade por entre as cordas de uma guitarra portuguesa.
(nota de imprensa enviada à redacção do Portal de Angola com pedido de publicação)