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    Aumenta produção de café com encerramento de bases da Renamo na Gorongosa

    Nos últimos três anos, de 2019 a 2022, e após o encerramento das primeiras bases da Renamo, a produção do café teve um acréscimo de mais de 200 toneladas.

    Os gestores do projeto do Café da Gorongosa, em Moçambique, anunciaram nesta quarta-feira, 15, um aumento exponencial da produção e exportação do café para o mercado africano e europeu, com a expansão de novas áreas de cultivo após o encerramento das últimas bases militares do braço armado da Renamo, no centro de Moçambique.

    De Janeiro a Novembro, foram colhidas 120 toneladas de café cereja contra 105 toneladas no mesmo período de 2022.

    Cerca de 950 produtores familiares estão envolvidos na produção, das 200 mil famílias que vivem nas áreas do Parque Nacional da Gorongosa.

    “Hoje trabalhamos com mais de 950 famílias, das 10 famílias com as quais iniciamos em 2013, e temos mais de 350 hectares de áreas plantadas de café arábica nas zonas de Canda, Tambarara e Satunjira”, zonas onde se mantinham entrincheirados os ex-guerrilheiros da Renamo até Junho, disse em entrevista à VOA, Sofia Molina, gestora de produtos da Gorongosa.

    Nos últimos três anos, de 2019 a 2022, e após o encerramento das primeiras bases da Renamo, Sofia Molina afirmou que a produção do café teve um acréscimo de mais de 200 toneladas.

    Antes deste período, acrescenta Molina, “o projeto do café teve alguns desafios, tivemos o reinício do conflito (que opôs o governo e a Renamo) especificamente nas zonas onde trabalhamos, e o ciclone Idai, então as atividades tiveram que parar por alguns anos, e foi reiniciado em 2018”.

    Desde o início do projeto do Café da Gorongosa, em 2013, já foram colhidas 370 toneladas de café cereja, processadas e exportadas para os mercados do Reino Unido e da África do Sul, sendo a produção dos últimos três anos a mais notável.

    “Este ano fechamos com 120 toneladas de café cereja o que vai dar mais ao menos 15 toneladas de café seco, para exportar para o mercado da África do Sul e do Reino Unido”, afirmou Sofia Molina, realçando que está a ser desenvolvida uma cadeia de valores para que o café seja processado localmente e que possa render mais aos camponeses.

    “O projeto está a ser uma fonte de esperança e de renda para muitas famílias que nunca estariam disponíveis com os cultivos tradicionais e com os métodos tradicionais de cultivos”, disse Sofia Molina, vincando que o projeto fornece insumos e técnicas de produção aos camponeses, para garantir a qualidade de café, mas também facilita o acesso ao mercado.

    O projeto prevê um crescimento anual de 60 hectares, o que corresponde a 200 mil plantas de café por ano, para garantir trabalho e renda para os jovens locais, melhorar e diversificar a economia das comunidades, além de reduzir o desflorestamento numa zona de alta biodiversidade.

    “As famílias estão realmente a acreditar que o café pode ser uma boa fonte alternativa de renda e ao invés de sempre estar a abrir novos campos de cultivo desmatando as florestas, elas podem trabalhar no maneio dessas terras”, concluiu aquela responsável.

    A população que vive no Parque Nacional da Gorongosa tem vindo a cortar anualmente, segundo dados oficiais, mais de 100 hectares de floresta tropical e a plantação e produção de café é vista como uma atividade alternativa para estas famílias.

    Um total de 5989 hectares de floresta tropical desapareceu em 44 anos na Serra da Gorongosa.

    Em declarações à Voz da América, Augusta Vernice, uma camponesa de Satunjira, observa que a renda com a produção do café, devolveu dignidade para a maioria dos camponeses locais, que além de terem ficado nos muitos anos na condição de deslocados, enfrentaram fome depois da guerra.

    “Com a produção do café tenho conseguido algum dinheiro e que melhorou muito a minha vida”, anota Augusta Vernice, realçando que a cultura continua estranha para muitos camponeses locais, apegados ainda a cultura de milho e mapira para seu autossustento.

    Por André Baptista

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    FonteVOA

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