A Associação de Apoio aos Combatentes das ex-Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (ASCOFA) considera ter havido “oportunismo e aproveitamento político” por parte de alguns partidos políticos da oposição na manifestação não autorizada, ocorrida em Luanda no dia 20 deste mês.
Numa nota divulgada ontem, a ASCOFA exorta todos os combatentes das ex-FAPLA a não pactuarem com o que considera “ambições políticas” daqueles que, a qualquer custo, pretendem tomar o poder ilegitimamente.
A direcção nacional da ASCOFA apela a sociedade civil a “repudiar, com veemência, o aproveitamento político e oportunista de determinadas formações políticas, que neste momento em que se aproximam as eleições gerais tendem a instigar os ex-militares das FAPLA a praticarem actos de desobediência e vandalismo contra as instituições do Estado”, lê-se no documento.
A associação apela ainda aos militares das extintas FAPLA a encaminharem todas as suas preocupações e reivindicações à direcção nacional da ASCOFA, para a sua solução.
No documento assinado pelo seu presidente, brigadeiro António Fernando “Samarora”, a Associação de Apoio aos Combatentes das ex-Forças Armadas Populares de Libertação de Angola salienta que é a “representante legal e parceira estratégica do Estado” na solução das questões sócio-económicas dos ex-militares das FAPLA e seus descendentes. Apela ainda a manterem os ideais da paz e da reconciliação nacional, mantendo-se “calmos e serenos” no decorrer do processo eleitoral.
Solidariedade
A associação solidariza-se com os “esforços incansáveis” do Presidente da República e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA) tendentes a ultrapassar as dificuldades sociais vividas pelos ex-militares das FAPLA.
A Associação de Apoio aos Combatentes das ex-Forças Armadas Populares de Libertação de Angola lembra que o Presidente José Eduardo dos Santos ordenou o pagamento dos subsídios de desmobilização em atraso aos 4.669 ex-militares das FAPLA, por estes não terem sido contemplados nos pagamentos anteriores, devido à limitação de recursos financeiros que se fazia sentir na altura. No dia 20 de Junho, um grupo de desmobilizados concentrou-se nas proximidades do terminal doméstico do aeroporto 4 de Fevereiro, no largo da Maianga e no Cemitério do Alto das Cruzes, em Luanda, onde efectuaram distúrbios, sob o pretexto de uma reivindicação de pensão de reforma.
Respeito às normas
Face a esta situação, o Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional foi chamado a manter a ordem e a tranquilidade públicas, em conformidade com as normas jurídicas estabelecidas, quer através da adopção de medidas de sensibilização ao civismo, quer coercivas. Na ocasião, foram verificadas algumas detenções, sem no entanto ter havido vítimas.
O governo da província de Luanda, citando o Estado-Maior das Forças Armadas Angolanas, deu a conhecer, um dia depois da manifestação, que o processo de pagamento dos subsídios dos desmobilizados foi retomado no dia 15 de Junho e prossegue em conformidade com as deliberações do Executivo.
Desmobilizados das antigas forças militares da UNITA e do MPLA acusaram dirigentes “bem conhecidos” de partidos políticos da oposição de incitarem ex-militares a adoptarem “um comportamento menos cívico durante o processo de pagamento dos subsídios”.
Francisco Canele, que pertenceu às extintas forças militares da UNITA, detido durante a manifestação ilegal, confirmou que “responsáveis partidários, bem conhecidos, entraram nas instalações do regimento de Transmissões do Exército, em Luanda, onde estão afixadas as listas nominais dos eventuais beneficiários, com propósito de interferirem na organização do expediente administrativo”.
Os pagamentos estão a ser efectuados no Regimento da Polícia Militar, localizado no Campo Militar do Grafanil, em Luanda.
FONTE: JA
