JN
O hacker Rui Pinto foi, esta quarta-feira à tarde, visitado pela eurodeputada portuguesa Ana Gomes no estabelecimento prisional anexo à Polícia Judiciária (PJ), em Lisboa.
O gaiense, de 30 anos, encontra-se em prisão preventiva desde 22 de março, no âmbito do processo em que está indiciado por um ataque informático e uma tentativa de extorsão, em 2015, ao fundo de investimento no futebol Doyen Sports.
A visita foi confirmada pela própria socialista na sua conta no Twitter. “Muito interessante conversa sobre #footballleaks”, escreveu Ana Gomes, numa referência à plataforma da qual Rui Pinto será colaborador e que, ao longo dos últimos anos, tem divulgados diversos documentos confidenciais do mundo do futebol, denunciado assim eventuais esquemas de evasão fiscal.
A eurodeputada aproveitou ainda a ocasião para entregar ao hacker o prémio para denunciantes que, a 16 de abril, lhe foi atribuído pela Esquerda Unitária Europeia (GUE/NGL). A distinção, concedida também a Julian Assange e Yasmine Montajermi, visa reconhecer o”seu trabalho em expor a verdade” e a “coragem em arriscar as suas carreiras e a sua liberdade pessoal”, explicou então em comuicação a organização. O momento foi registado pela guarda do estabelecimento e, mais tarde, partilhado por Ana Gomes no Twitter.
Rui Pinto foi detido a 16 de janeiro em Budapeste, capital da Hungria, ao abrigo de um Mandado de Detenção Europeu, e posteriormente extraditado para Portugal, a 21 de março. A aplicação, pelo Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, da medida de coação mais gravosa aconteceu no dia seguinte à sua entrega às autoridades nacionais.
A decisão foi alvo de recurso da defesa do hacker, para quem a sua prisão preventiva não tem “fundamento legal”. Num comunicado divulgado a 25 de março, William Bourdon e Francisco Teixeira da Mota alegam que o gaiense desistiu, “voluntariamente”, de qualquer transação ilícita com a Doyen Sports e que, por isso, está excluída a existência de qualquer crime de tentativa de extorsão – o único que permite a sujeição à medida de coação mais gravosa.
Os advogados argumentam ainda que Rui Pinto é um “whistleblower” (denunciante) e que a a sua prisão preventiva surge numa altura em que está a ser estudado a aplicação do estatuto de “denunciante” a “pessoas exteriores à empresa que criticam”, tal como será o caso do hacker português.
A decisão do Tribunal da Relação de Lisboa ainda não é conhecida.