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    A vida renasce no Mungo

    Para quem não visita o Mungo há algum tempo, uma deslocação nos dias de hoje apenas pode surpreender. A terra, que antes era considerada esquecida, está, aos poucos, a deixar de ser um mero fornecedor de alimentos, para se tornar também destino de visitantes e daqueles que procuram a tranquilidade das zonas recônditas e distantes das grandes cidades.
    A reportagem do Jornal de Angola constatou  uma enorme movimentação de cidadãos, principalmente jovens, nas principais artérias daquela vila, em pleno horário laboral.
    Coincidência ou não, o certo é que, de acordo com Agostinho Guelengue, tornou-se hábito ver enchentes nas ruas da vila. É que o Mungo, localizado na via principal que liga o Huambo às províncias do Bié e de Malange, pela zona norte da província, tornou-se também um dos pontos de passagem para quem se desloca àquelas províncias, graças ao bom estado da rota, recentemente reabilitada.
    No quadro do Programa de Investimentos Públicos, surgiram no município novas infra-estruturas sociais, como escolas, centros e postos de saúde, residências para quadros e técnicos, muitas delas construídas de raiz e outras reabilitadas, além da ampliação e apetrechamento do hospital municipal, o maior e de referência na região.
    A maioria dos sectores sociais e económicos do município registou um crescimento significativo, e, apesar de ainda não ter a maioria das ruas asfaltadas, todas se apresentam limpas e bem tratadas, dando um ar acolhedor.

    Milhares de crianças frequentam a escola

     


    O sector da Educação é um dos que regista mais progresso, fruto dos enormes investimentos feitos pelo governo local, a partir de 2003, ano em que tinha três mil crianças no sistema normal de ensino, contra 27.610 matriculados no presente ano lectivo, da iniciação à 12ª classe.
    O chefe da repartição municipal da Educação, Pascoal Calei, confirmou que este número é um grande avanço, tendo em conta que, em 2003, o sector funcionava apenas com duas salas de carácter definitivo e actualmente conta com 36 escolas do ensino primário, uma do primeiro e outra do segundo ciclo. Quase concluída está, ainda, um estabelecimento escolar do segundo ciclo do ensino secundário, na sede, com 26 salas, cuja entrega está prevista para breve. O número de professores aumentou no município, com a abertura do concurso público realizado no ano passado.
    Dos  cerca de 400 que leccionavam na região, nos anos anteriores, tem agora um universo de  mais de 970 docentes.
    Pascoal Calei considerou este número razoável, comparativamente aos anos passados. Contudo, afirma ser necessário aumentar esta cifra, para cobrir a totalidade da extensão do município.
    Há dois anos, cerca de 11 mil crianças encontravam-se fora do sistema de ensino, e, actualmente, esta cifra baixou consideravelmente, pelo facto do município ter recebido, em 2011, um número considerável de professores para o ensino primário. Todas as crianças, disse, receberam material didáctico gratuito. Cada uma tem os manuais das respectivas disciplinas, o que tem contribuído muito para a aceleração do processo de ensino e aprendizagem naquele município.

    Merenda escolar

    O município do Mungo está abrangido pelo programa de merenda escolar. No ano passado beneficiou quatro escolas, assistindo perto de cinco mil crianças. Sem adiantar o número de alunos, Pascoal Calei garantiu que no próximo trimestre o programa vai ser alargado a mais instituições escolares.
    As autoridades do município apontam como dificuldade a falta de mais docentes, principalmente auxiliares, para o ensino primário, para leccionarem nas ombalas e aldeias mais distantes da vila.
    As vagas reservadas para este ano lectivo são muito reduzidas e Pascoal Calei diz que seis é um número que fica aquém das necessidade do município e da comuna do Cambuengo. O município tem 16 alfabetizadores, sendo dez do módulo I e seis do método “ Sim, eu Posso”. Este número é ainda insatisfatório, tendo em conta o índice de analfabetismo prevalecente no município, sobretudo entre a população feminina. Para os próximos anos, o desafio da administração local é aumentar muito mais o número de   alfabetizadores, para ­estender a acção formativa às zonas de maior concentração populacional e reduzir os níveis de analfabetismo na região.Neste momento, a administração está a envidar igualmente esforços para melhorar a qualidade de transmissão dos alfabetizadores.

    Atendimento sanitário

    O atendimento médico e medicamentoso está garantido, com a ampliação da rede sanitária e do hospital municipal, actualmente com capacidade para internar cerca de 32 pacientes. Pelo menos, 84 trabalhadores, entre técnicos, enfermeiros auxiliares, gerais, pessoal de apoio hospitalar e médicos asseguram o funcionamento do hospital municipal do Mungo. Em declarações ao Jornal de Angola, o administrador daquela unidade hospitalar, Alberto Monteiro, disse que as doenças mais frequentes no município são as diarreias agudas, as respiratórias, a malária, parasitoses intestinais e bronquite.
    Questionado sobre o porquê da acalmia do hospital naquela manhã, Alberto Monteiro afirmou que os casos mais frequentes e que normalmente provocam agitação no hospital são de malária, que nestes últimos meses registaram uma redução significativa no município, graças ao trabalho se sensibilização e palestras levadas a cabo pelas autoridades sanitárias, junto das comunidades, escolas e igrejas.
    Além disso, as obras de saneamento do meio, a construção de latrinas e a distribuição de mosquiteiros às crianças menores de cinco anos e mulheres grávidas também contribuem para a redução das doenças. Em tempos de grande agitação, segundo Alberto Monteiro, o hospital municipal chega a atender, em média, cerca de 80 pacientes por dia, em consultas externas de pediatria, maternidade, cirurgia, banco de urgência, puericultura, laboratório e outras.
    O hospital é abastecido regularmente com medicamentos e outros meios. O grande problema reside na falta de mais médicos, visto que existem só dois, um angolano e outro de nacionalidade cubana, e de mais ambulâncias. Até ao momento, o hospital é o único de referência na região, que, além de atender as populações da sede, acode também casos complicados provenientes da comuna do Cambuengo. Uma carrinha de apoio serve para auxiliar as actividades hospitalares, além de transporte para médicos.
    Pela primeira vez, o  município  tem uma morgue, com seis gavetas, e um centro de aconselhamento familiar, proprcionando um melhor atendimento às populações.

    Residências iluminadas

    As noites  na vila são claras, contrastando com o frio que já se faz sentir por estes dias, no Planalto Central. Milhares de famílias beneficiam da rede eléctrica fornecida por um grupo de geradores, das 18 às 23 horas, todos os dias.
    Ainda assim, é insuficiente, tendo em conta o crescimento contínuo da população e o surgimento de mais consumidores.
    Tito Satumbo, chefe dos serviços técnicos do município, frisou que, no quadro do aumento dos serviços básicos às populações, o governo pretende reforçar este sector com mais geradores. Neste momento, estão a trabalhar com a direcção provincial de Energia e Água no sentido de recuperarem o gerador de 500 Kva que se encontra avariado, para a energia chegar também à comuna de Cambuengo.  A actividade comercial está a ressurgir, depois de um tempo incipiente. Para uma área que contava com 99 lojas em plena actividade, hoje conta apenas com três estabelecimento comerciais de renome.  A actividade comercial propriamente dita resume-se ao mercado informal, que em termos de movimentação constitui o suporte económico do município.
    O chefe dos serviços técnicos do município, Tito Satumbo, atribui a fraca actividade comercial à falta de bancos, para fomento do crédito aos funcionários públicos.
    “A falta de bancos está a transtornar o funcionamento normal do município. Gostávamos de ter pelo menos um estabelecimento no nosso município, para que os salários fossem processados aqui mesmo”, disse o chefe dos serviços técnicos. Para receberem os seus ordenados, os funcionários têm de se deslocar ao município do Bailundo ou à cidade do Huambo, o que constitui um caso sério, tendo em conta o número de trabalhadores e a dinâmica que se regista na região.
    Mungo tem 11 lojas e algumas lojecas, que muitas vezes, devido à incapacidade financeira, só se reactivam em Novembro e na quadra festiva, terminando em Janeiro.
    Actualmente, a população  da localidade deixou  de percorrer longas distâncias para adquirir bens alimentares e de primeira  necessidade. O município do Mungo tem mais de 90 mil habitantes, maioritariamente camponeses.

    Fonte: JA

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