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    A casa do Zouk

    (OPAIS)
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    É na rua 5 da Zona Verde, bairro Benfica, município de Belas, onde Luís Paulo, um conhecido aficionado do zouk, decidiu render um eterno tributo a este género musical que admira desde mais novo. Fê-lo com a construção da Casa do Zouk, a primeira iniciativa neste domínio no país, apesar dos anos de convivência entre os angolanos e os criadores deste tipo de música.

    A Casa, classificada pelo proprietário como uma espécie de ‘Museu do Zouk’, com cerca de 10mil álbuns originais de músicos nacionais e internacionais (precisamente, antilhanos e da África francofona), surgiu para contar a história deste género musical e de todos os outros que apareceram por seu intermédio, como a Kizomba.

    Aliás, a Kizomba é um dos principais representantes da cultura angolana no exterior, assim como o principal elo entre os músicos angolanos e antilhanos (os principais artífices do zouk) espalhados pela Europa, particularmente em países como a França e Alemanha. “Criou-se a Casa do Zouk para transmitir uma sequência de conhecimentos à nova geração. A nossa cultura é rica e forte, mas é preciso ser promovida para criar o interesse geral sobre tudo aos mais jovens”, defende Luís Paulo.

    Inaugurado em Junho de 2012, o espaço possui um salão para espectáculos com cerca de 350 lugares e os respectivos instrumentos, e uma secção direcionada à produção musical. Através de instrumentos musicais, colectâneas de CD’s, discos de vinil e outras ilustrações lá presentes é possível observar a evolução que o zouk sofreu ao longo dos anos e a sua evolução até aos dias de hoje.

    A sua expansão deu origem a estilos como “Zouk Love”, por Eric Virgal e Patrick SaintEloi, ex-integrante da banda Kassav. Jean Michel Rotam, por seu lado, criou o ‘Zouk R&B’, e Ludou o ‘Zouk Rap’, sendo este último apresentado por muitos como adepto do ‘Zouk Nostalgia’, com Phil Control. Estudioso da matéria, Luís Paulo conta que os criadores do Zouk foram o grupo Kassav, que misturaram a Calipso, um estilo musical afro-caribenho, e a Makossa, estilo musical originário das regiões urbanas do Camarões.

    A música ganhou o nome de Zouk na Europa, em 1985, com o álbum “Yélélé”, onde se destacava o sucesso “Zouk la sé sèl médickaman nou ni”, marcado como o auge da banda. Foi a partir desta música que se acredita que o apelido ‘Zouk’ tenha surgido, um termo procedente do crioulo do Haiti.

    Até então os Kassav não tinham atribuído um nome ao género que tocavam ou desenvolveram. “Como em França pouca gente entendia o crioulo, o nome que sobressaia do título era Zouk, que significa “festa”. E desta feita o género passou a ser conhecido por Zouk”, contou o dono da única Casa do Zouk em Angola.

    EDUARDO PAIM, O PERCURSOR

    Foi no início da década de 80 que este género integrou-se na sociedade angolana, alguns anos antes do surgimento da Kizomba pelas mãos do grupo SOS, com Eduardo Paim como vocalista.

    Em 1983, já com uma carreira a solo, Paim lançou o LP “Estamos juntos”, com o contributo de conceituados artistas brasileiros. De acordo com Luís Paulo, “embora o crítico de artes, Jomo Fortunato, afirme que a kizomba é uma imitação mal feita do zouk…

    Digo que o ‘General Kambuengo, como é também é tratado Eduardo Paim, é um músico completo como instrumentista e produtor musical”. O promotor cultural salienta que Eduardo Paim terá sido o primeiro músico angolano a adoptar os acordes do Zouk, introduzindo sonoridades badaladas mais lentas, adequadas a nossa maneira de lidar com a dança que se denomina kizomba. No caso, o estilo e a dança.

    VINTE MÚSICOS JÁ VISITARAM ANGOLA PELA CASA DO ZOUK

    Apesar de ter um espaço reduzido para albergar a falange de adeptos, ainda assim a direcção da Casa do Zouk pensa realizar alguns eventos com música ao vivo, em que actores principais serão músicos nacionais e estrangeiros.

    “Contamos ter aqui alguns eventos com música ao vivo de astros antilhanos, numa simbiose com os músicos da nossa praça. Já apoiamos a vinda de músicos antilhanos para o Festi-Sumbe e para o projecto Imoxi, «Somos Todos Um Só», de Toni Nguxi”, relembra Luís Paulo. Depois da vinda do ‘zouk man’ Jacob Desvuarieux, que compareceu na abertura das instalações, outros músicos antilhanos manifestaram a intenção de conhecer o projecto.

    A casa possui uma espécie de portal, que é um disco feito em homenagem a Patrick Saint-Eloi, “Jamol”. Já foi promovido nas Antilhas, Guadalupe, Martinica, Portugal, França e Angola. A referida obra contou com a participação de vários músicos, entre os quais Jacob Desvuarieux, Georges Decimus, Mari Celine Clone (coros), Alexi Falibel Frederick Vurts (guitarrista), Eduardo Paim e Djamila Miranda.

    Foram editadas cinco mil cópias e prepara-se já um segundo disco em homenagem a ‘Jamol’ e a uma outra cantora antilhana, cujo nome o responsável da Casa do Zouk preferiu não avançar ainda. Além destes dois projectos, têm sido também contactados por músicos nacionais para produção musical. Mas, segundo o responsável, as portas estão abertas para quem quiser. Contudo, alguns requisitos são tidos em conta, como por exemplo saber cantar de facto e ter um bom timbre vocal.

    “Nós até podemos ajudar na composição e na escolha de algumas melodias, mas o músico tem que ter talento, porque vai ter contacto com os maiores do Zouk e para tal tem de ser bom”, defende o promotor cultural. Uma das questões que inquietam o promotor da Casa do Zouk é a falta de instrumentistas no mercado angolano. O que tem obrigado muitos artistas como Matias Damasio, Mayacool, Yola Araujo e Heav C recorrerem aos músicos antilhanos como garantia de melhor suporte técnico às suas músicas. (opais.net)

    Alexandre da Costa

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    7 COMENTÁRIOS

    1. ok de facto uma grande iniciativa, para nos que temos a musica zouk como a nossa referencia .aquela que serviu como um consolo nos momentos triste,ja assim quero aproveita para saber o que posso fazer para ser um membro oficial deste grande colegio

    2. Grande Luís Paulo, foi grande prazer te cunhecer,por tua causa estive mais próximo dos músicos antilhano coisa que antes só sonhava e agora mais do que nunca estarei sempre consigo e casa do Zouk e quem sabe um dia dar um passeio nas Antilhas , bem haja LP.

    3. Olá casa do zouk eu sou um jovem amante do estilo zouk venho por esse meio solicitar uma musica já antiga que tocou muito na televisão Angolana nos anos 90 lembro me que o musico fazia o clip sozinho vestia roupa branca, se bem me lembro outras vezes aparecia ainda no mesmo clip com um macacão jeans em frente a uma praia infelizmente é toda descrição q tenho agradeço que ajudem me a localizar essa musica amo muito a mesma

    4. Somos muitos os amantes da musica Zouk.
      Falta mais publicidade para que a populacao amante dessse estilo de musica possa ser atingida so assim, acredito eu, as pessoas vao emergir do seu “esconderijo” .

    5. Manifesto a minha profunda satisfação pela excelente iniciativa que o nosso irmão teve em fixar aqui uma relíquia musical que se chama zouk,pois e com estas musicas que me uni com a minha mulher e que ate hoje não consigo me desfazer delas certo e quando se se diz que o tempo não apaga nunca estas musicas. Luís Paulo, desejo te votos de contínuos sucessos no seus a fazer diário.

    6. Antes de mais quero agradecer a este meu concidadao por tao nobre iniciativa.
      Eu sou um apreciador incondicional da musica Zouk desde muito jovem e dou o meu apoio sem reservas.
      Eu venho desde a bastante tempo buscando obter os albuns dos KASSAV bem como tantos artistas e conjuntos antilhados dos anos 70,80 e 90 sobretudo no estilo Kompa e Zouk.
      Obrigado mais uma vez..

      Jose Manuel
      921 274408

      • um muito obrigado.não tenho palavras apropriadas pra descrever a alegria de saber que tambem tem pessoa.como o irmãos ai de outros lados que tem fome pelas musicas antilhanas como eu. ando a procura de sertos artistas como.pascal dardol.roskin.zepiante.e tantas outras que acho que so chegando ai sera possivel.assim com o terminal farei questão de cotacta-lo .moro aqui no cazenga-asa branca.

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