Paulo Pizarro afirmou que Angola representa 10% da produção global sendo que até a data a sua instituição, já investiu mais de 27 mil milhões de dólares. O responsável, que de entre outros assuntos abordou o actual quadro de produção da empresa em Angola, falou da relação entre a BP e as empresas prestadoras de serviço no sector petrolífero e sobre os projectos sociais da empresa.
Qual é a actual capacidade de produção da BP em Angola?
Nós temos uma capacidade de produção bruta acima dos 320 mil barris dia, a partir dos nossos blocos 18 e 31 que são blocos offshore em águas profundas e ultras profundas, mas, nós também temos participações nos blocos 15 e 17 e no projecto Angola LNG.
Fale-nos sobre os investimentos que a BP já efectuou no país desde o início das suas actividades, há cerca de 20 anos?
Até agora, a BP já investiu acima de 27 mil milhões de dólares e, naturalmente, vamos continuar a investir em projectos de pesquisa e produção em Angola. Vamos continuar a desenvolver as nossas actividades em Angola, incluindo o nosso investimento na área social.
De acordo com o vosso boletim informativo referente ao resultado do exercício económico de 2014, a BP gerou 359.8 mil milhões de dólares no mundo inteiro. A que se destinou este montante?
Este é o valor económico gerado pela BP a nível mundial e que tem a ver com as despesas com os nossos fornecedores, os impostos que nós pagamos, os salários com os nossos trabalhadores, o nosso investimento de capital e o investimento em projectos com as nossas comunidades no mundo inteiro. Portanto, isto perfaz um valor que arredondado de 360 mil milhões de dólares de valor económico gerado pela BP no mundo inteiro.
Até que ponto a redução do preço do barril de petróleo no mercado internacional, afectou a empresa BP Angola?
Este é um problema que afecta toda a indústria, mas não é algo novo. A indústria já passou por fases difíceis no passado. Nós acreditamos que o preço do petróleo vai se manter em baixo durante um período relativamente longo. Não vai ser como em 2008 quando houve uma queda brusca do preço do petróleo mas que rapidamente recuperou. Acreditamos que esta vai ser uma crise que vai durar mais tempo, portanto, é importante que a indústria se torne mais competitiva e que trabalhe de forma mais eficiente, e essa é precisamente a nossa estratégia. Naturalmente que temos que renegociar alguns contratos e temos que tomar decisões em relação a novos projectos a ser implementados. Nós estamos a trabalhar com a Sonangol para encontrar projectos competitivos que vão manter ou aumentar a produção do país.
Como está a vossa carteira de trabalhadores?
Temos neste momento, cerca de 950 trabalhadores em Angola, 77% dos quais são angolanos. Até ao final do ano, 80% da nossa força de trabalho será composta por trabalhadores angolanos. Esta é uma meta que nós tencionávamos atingir em 2020, mas vamos atingi-la em 2015, portanto, cinco anos antes. Penso que isto é importante, numa indústria tão complexa e de alto risco. Nós fizemos um grande investimento na formação e desenvolvimento dos trabalhadores para conseguirmos alcançar esta meta.
Como é que a BP está em termos de contractos com as empresas nacionais, prestadoras de serviços ao sector petrolífero?
O processo de promoção do conteúdo nacional é um processo que já decorre há algum tempo e que tem a ver com a capacitação e contratação dos fornecedores nacionais. A BP despendeu cerca de 1.6 mil milhões de dólares
com fornecedores nacionais em 2014. Nesta fase difícil que o país está a viver é preciso reduzir as importações e maximizar o conteúdo nacional. Nós temos já uma carteira grande de fornecedores nacionais que conseguem fornecer serviços de qualidade. O que é importante agora é que estes fornecedores nacionais sejam também mais competitivos, ou seja, consigam fornecer serviços melhores a um preço mais baixo. Doutra forma alguns dos projectos que a indústria precisa para manter ou aumentar a produção do país, tornam-se inviáveis do ponto de vista económico.
Como por exemplo…
O projecto PSVM é o primeiro projecto de águas ultra profundas de África, tem uma das maiores infra-estrutura submarinas do mundo e utiliza tecnologia de ponta. O PSVM é também um dos projectos com maior percentagem de conteúdo nacional em Angola, com 22% das despesas feitas com empresas angolanas.
E qual é a capacidade de produção deste projecto?
O PSVM está em produção desde 2012 e neste momento está com uma produção media aproximada de 170 mil barris por dia.
O sector da educação tem uma participação forte na carteira de investimento social da BP, daí que, enquanto durava a visita do Ministro dos Petróleos, José Maria Botelho de Vasconcelos, à FILDA 2015, o atleta José Sayovo falava da formação na BP. Quanto já investiram em projectos sociais na área de educação?
Os gastos em projectos na área da educação em 2014 foram de 1.8 milhão de dólares, e noutras áreas foi de 7.5 milhões de dólares. A nossa estratégia de investimento social assenta essencialmente na educação, no desenvolvimento empresarial, e na capacitação institucional, estabelecendo parcerias estratégicas que apoiem o desenvolvimento socioeconómico de Angola. Nós temos também uma pareceria com o Comité Paralímpico e com os atletas Paralímpicos Angolanos. O Jose Sayovo é um dos nossos embaixadores Paralímpicos, um verdadeiro campeão que representa uma inspiração para todos os atletas de todas as modalidades.
Daqui para adiante, o que a empresa prevê?
Naturalmente que nós vamos continuar a produzir a partir dos nossos activos nos blocos 18 e 31, assim como nos blocos 15 e 17 onde temos participações, e vamos continuar a implementar projectos para maximizar a produção destes blocos. Por outro lado o projecto Angola LNG vai reiniciar a produção no final deste ano. Estamos também a trabalhar com a Sonangol para desenvolver novos projectos nos blocos 18 e 31. (semanarioeconomico.ao)