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    Merkel e Draghi não querem ser “talibãs” da austeridade

    Com a Holanda a caminho de eleições, a possibilidade de mudança de presidente em França e os riscos de “apertar” demasiado Espanha e Itália, o presidente do BCE ensaiou hoje viragem para “um compacto para o crescimento”, seguido pela chanceler alemã.

    O Banco Central Europeu (BCE) e o governo alemão ensaiaram hoje o início de uma guinada política, apontam os analistas. Em Bruxelas, perante a Comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu, Mário Draghi, o presidente do BCE, disse hoje que depois do “compacto orçamental o que está agora mais presente na minha cabeça é um compacto para o crescimento”.

    Pouco depois seguia-se a chanceler alemã Ângela Merkel. Num discurso em Berlim perante o seu partido, a líder do governo alemão disse que “a austeridade por si só não resolverá a crise”. Colocou a tónica nas duas cadeiras: apoia a ideia de Draghi mas sem esquecer as “reformas estruturais”.

    Mais óbvio foi o secretário de Estado das Finanças do governo de Merkel. Thomas Steffen disse hoje que “falar de disciplina orçamental não significa que a Alemanha seja uma espécie de talibã da consolidação. Nós não cremos que tudo se resuma à consolidação orçamental. Acreditamos muito que a zona euro também necessita de mais crescimento”.

    A crise das dívidas soberanas na zona euro desde 2010 e o seu impacto em toda a União Europeia já fez cair 9 governos: Irlanda, Portugal, Grécia, Itália, Espanha, Eslováquia, Eslovénia, Holanda (que ainda tem notação de crédito de triplo A) e República Checa. E, nesta fase mais recente, poderá colocar em xeque a própria estratégia de “compacto orçamental” da Alemanha e do Banco Central Europeu (BCE) se houver uma derrota política definitiva de Nicolas Sarkozy nas eleições de 6 de maio (2ª volta das presidenciais) em França.

    Por outro lado, para além da turbulência política, a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) é para uma recaída na recessão (double-dip, na expressão inglesa) na zona euro na ordem de uma quebra do PIB de 0,3% e a nível dos países avançados uma descida mais ligeira, de 0,1%.

    Momento de Washington

    O próprio FMI pela voz de Olivier Blanchard, o seu economista-chefe, apelou esta semana aos alemães, no jornal Financial Times Deutschland, para que aceitassem a ideia de euro-obrigações (eurobonds, na designação em inglês popularizada).

    Christine Lagarde, a diretora-geral do FMI, quer substituir o “Consenso de Washington” (a que se têm associado muitas receitas do Fundo desde os anos 1990 e algumas das posições ainda mais fundamentalistas de Bruxelas e de Frankfurt face à crise das dívidas soberanas na zona euro) pelo “Momento de Washington” (expressão usada, agora, no encontro da Primavera do FMI e do Banco Mundial), algo mais equilibrado.

    FONTE: Expresso

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