You Tube descobriu a careca de Hélder Martins

Qual a razão que levou a FIFA a retirar as insígnias de árbitro internacional a Hélder Martins e, consequentemente afastá-lo do seu quadro de árbitros?

A notícia surgiu seca no lavar dos cestos do Ano Velho e causou espantação: aqui del rei que nos injustiçaram o nosso príncipe do apito, clamaram os mais ingénuos, ou pouco avisados, ao cavalgar desgovernado da arbitragem do futebol no nosso país quando, afinal a purga é justificada por um dos maiores atropelos à arbitragem africana, ocorrido em 2011, no jogo Camarões- Senegal (0-0), das eliminatórias de apuramento para o CAN 2012, disputado no dia 4 de Junho de 2011, perante um estádio a abarrotar de gente.

E quem foi o árbitro deste decisivo encontro, que sinalizou o apuramento do Senegal, que havia vencido o seu rival, na 1.ª mão, por 1-0? Hélder Martins (de Carvalho), que foi assessorado por Pedro Canombo e Miguel Luvumbo, tendo como 4.º árbitro outro «compagon de rout», o buliçoso e muito interventivo Pedro Santos.

Sobre os «roubos de igreja» ocorridos a céu aberto os senegaleses barafustaram quanto bonde. O filme das irregularidades, com cerca de três minutos, está no You Tube e foi lá colocado pela RTS1 (televisão do Senegal) e pode ser visto digitando «arbitrage match senegal-cameroun». Está lá tudo! Desde um «penalty» surreal, em cima do último minuto da partida, que devia empurrar os Camarões para a vitória, o qual, desta vez, Eto’o teve a coragem de assumir, falhando a pontaria (a bola bateu na trave), tal qual o seu ex-colega e capitão, em jogo de apuramento para o «Mundial» 2006, onde o craque fugiu às suas responsabilidades, até às expulsões de dois jogadores do Senegal e do próprio treinador, para terminar num livre chegadinho à área, bem ao jeito de Eto’o, assinalado em cima dos 95 minutos de jogo!

Vale a pena ver, e prestar atenção ao que diz o jornalista que comenta as imagens.

O escândalo foi tão grande que no final se viam cartazes improvisados a zurzir na arbitragem.
Um adepto senegalês escarrapachou em letras gordas: «c’et arbitre une honte pour l’Afrique», que é o mesmo que dizer «este árbitro é uma vergonha para África».
Mas, depois desta escandalosa actuação, no mês seguinte, Hélder Martins ainda esteve no México, no «Mundial» de Sub-17, onde dirigiu o Jamaica-França e o Uzbequistão-Nova Zelândia.
Só que o escândalo não adormeceu por força do veemente protesto apresentado à CAF pelos responsáveis pelo futebol do Senegal, aos quais se juntou o próprio presidente da República daquele país que acusou Hélder Martins de «parcialidade».

Perante tamanhas evidências a CAF, reunida a sua Comissão Disciplinar, reconheceu razão aos protestos dos senegaleses e transmitiu o seu veredicto à FIFA, depois do responsável pelo sector da arbitragem deste organismo também ter visionado as imagens.

Será lícito falar-se em corrupção? As imagens de um jogo podem servir para exclusão, como é o caso, mas nunca de libelo formal de acusação, pois, por um lado, FIFA continua a recusar o vídeo como prova correctiva das arbitragens, por outro, é muito difícil apanhar o corrupto e o corruptor com a boca na botija.

Ao contrário do que tem sido veiculado a FIFA não tem de prestar contas a ninguém por uma decisão desta natureza e muito menos justificá-la, ao abrigo dos lugares que cabem a cada
Federação no quadro de arbitragem internacional. Poucos são conhecedores, aliás, do facto de Hélder Martins (de Carvalho) ter sido suspenso, há perto de um ano, pela CAF, devido a rumores de que não teria sido neutral no jogo Nigéria-Benin (1-0, «penalty», Aiyegbeni, 42 m) disputado a 16 de Janeiro, em Benguela (Grupo C) do CAN 2010.

Agora foi sancionado por rumores, mas, também, por imensos protestos e imagens que comprovam um péssimo serviço prestado ao futebol e à verdade desportiva.
Pelos rumores que por aí andam Hélder Martins vai continuar a apitar no Girabola como se nada de grave tivesse acontecido, pois, a culpa é da FIFA…

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