A empresa de telecomunicações Vodafone admitiu, esta sexta-feira, que pelo menos os governos de seis dos 29 países onde opera têm acesso direto aos dados armazenados nas suas redes, pelo que podem saber em permanência o conteúdo das comunicações e a localização dos seus clientes. O nome desses países não foi divulgado por razões legais.
Num relatório divulgado esta sexta-feira em primeira mão pelo jornal britânico “The Guardian”, a empresa explica que valoriza a privacidade dos seus clientes, mas que é obrigada a cumprir as leis “aprovadas para defenderem a segurança nacional e a segurança pública”. Caso contrário, pode perder a licença para operar nesses países.
Na maioria dos casos, explica a empresa britânica, é necessário um mandado judicial para intercetar comunicações.Este é o caso de Portugal, onde, durante o ano de 2013, foram feitos 28145 pedidos de acesso a informação de clientes da Vodafone por parte do governo ou de agências governamentais.
Mas noutros, foram feitas ligações aos seus cabos e aos das outras empresas de telecomunicações para que as agências governamentais tenham acesso às comunicações dos seus clientes.
À BBC, o diretor da organização de defesa dos direitos humanos Libert, Shami Chakrabarti, disse: “Os governos terem acesso aos telefonemas com um simples premir de botão é simplesmente inédito e aterrador”.
O documento conhece a luz do dia precisamente um ano depois do antigo espião americano Edward Snowden ter revelado que as agências secretas dos Estados Unidos e do Reino Unido vigiam milhões de pessoas em todo o Mundo. (jn.pt)