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    Vida melhor é cada vez mais uma certeza

    A esperança por uma vida melhor começa a dar lugar à certeza, para os mais de 96 mil habitantes do município do Cuito Cuanavale, província do Kuando-Kubango. Famoso pela batalha que permitiu a independência da Namíbia e o fim do regime do apartheid na África do Sul, o Cuito Cuanavale apresenta hoje uma imagem diferente, com o memorial aos bravos combatentes da liberdade, o aeroporto 23 de Março e as casas para as populações a tornarem-se um cartão-de-visita para quem visita esta localidade histórica do país.
    Inaugurado a 29 de Junho pelo ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás, o aeroporto 23 de Março veio resolver as dificuldades que as pessoas tinham em se deslocar a Luanda e outras províncias do país, por serem obrigadas a percorrer 189 quilómetros até à cidade de Menongue, para poderem viajar de avião até à capital do país.
    O aeroporto do Cuito Cuanavale, que conta com uma pista de 2.730 metros de cumprimento e 30 de largura, já é apontado, apesar da distância que separa as duas localidades, como uma melhor alternativa ao aeroporto de Menongue, actualmente em obras de reabilitação. A pista de terra batida do município do Cuchi, a 90 quilómetros de Menongue, serve actualmente de alternativa ao aeroporto provincial, mas recebe apenas aviões de pequeno porte do tipo Twin Otter e voos militares.
    “Este aeroporto, apesar da distância, oferece melhores condições de segurança que a simples pista de terra batida do Cuchi”, diz a comerciante Maria António, 29 anos, residente há cinco no município. Sem conseguir esconder a sua alegria confessa estar radiante com a perspectiva de poder usar a nova infra-estrutura aeroportuária, quando as companhias áreas começarem a operar para o Cuito Cuanavale. “Estamos felizes com o início dos voos diários para o nosso município. Sabemos que o aeroporto está pronto para receber aviões”.
    O chefe do aeroporto do Cuito Cuanavale, Izequiel Domingos, explica que o início dos voos diários para aquele município depende única e exclusivamente das companhias aéreas, que devem analisar os custos e benefícios de explorar essa nova rota. “Temos duas salas de embarque e desembarque totalmente equipadas, área de imigração, fiscalização, controlo, operações, equipamentos de navegação modernos, enfim, o aeroporto tem todas as condições exigidas pela aviação civil para operar”, garante, referindo que o aeroporto tem iluminação suficiente para receber voos nocturnos.
    Para o chefe da infra-estrutura, o aeroporto do Cuito Cuanavale é um valor acrescentado para a província do Kuando-Kubango, e em particular para o município, por permitir o transporte de pessoas e bens para outras localidades onde, porventura, as viaturas não chegam.
    “É claro que também se vai poder fazer a ligação para outros pontos, não só de Angola mas também por parte de países vizinhos que queiram visitar o Cuito Cuanavale, devido ao seu passado histórico”, afirma Izequiel Domingos.

    O administrador municipal, Joaquim Bango Katema, explica que anteriormente as pessoas levavam três a quatro dias de viagem de carro até Luanda, mas com a construção do aeroporto municipalesse tempo fica reduzido.
    “É um grande benefício para os passageiros que vêem assim resolvido um dos seus principais problemas”, acrescenta.
    O Memorial aos Heróis da Batalha do Cuito Cuanavale é outro grande empreendimento erguido que orgulha as populações do município. “Foi graças à batalha do Cuito Cuanavale que a Namíbia conquistou a sua independência e a África do Sul se viu livre do regime do apartheid”, recorda o administrador municipal.
    A estrutura é constituída por uma escultura em bronze com dois soldados, segurando a insígnia da República, edifícios administrativos, biblioteca, áreas verdes, casas protocolares, salas de vídeo-conferências e um museu, que vai ser local turístico da zona.
    Alfredo Samuti, de 25 anos, considera que o Memorial, além de homenagear todos aqueles que estiveram envolvidos directa ou indirectamente na Batalha do Cuito Cuanavale, serve de fonte de informação a estudantes, investigadores e todas as pessoas interessadas em saber a história da batalha. “O Memorial torna igualmente o Cuito Cuanavale uma referência turística, na medida em que possui belezas naturais subaproveitadas. Acreditamos que com o aeroporto em funcionamento e o Memorial, as pessoas podem passar a deslocar-se ao nosso município e desfrutar de outras belezas naturais”, acrescenta.

    Obras sociais

    O administrador municipal garante que está para breve o arranque das obras de construção das 500 casas sociais que vão ser erguidas no município. “Este é um projecto do Executivo e temos garantias que nos próximos dias as obras devem começar”, afirma.
    “O Cuito Cuanavale de ontem não é o mesmo de hoje. É um município que está a crescer, temos infra-estruturas novas e as antigas foram reabilitadas”, explica, destacando, entre as novas, além do aeroporto e do Memorial, um hospital municipal de maior dimensão, uma escola de seis salas no bairro Cambamba e duas de quatro salas nos bairros Novo e Caqueque, além de residências para os professores e outros ténicos.
    “Temos 11 mil alunos no sistema de ensino e três mil fora, e um universo de 200 professores”, explica Joaquim Bango Katema, acrescentando que o município conta com cinco médicos, todos estrangeiros, e um total de 40 enfermeiros colocados em todas as comunas.
    “O povo heróico do Cuito Cuanavale sabe que o Executivo está a fazer tudo para que o amanhã seja melhor. Há esperança. Já temos o aeroporto e os jovens acreditam que um dia vai haver ensino superior no nosso município”, frisa Joaquim Bango Katema.
    A estrada entre o Cuito Cuanavale e Menongue está a ser reabilitada e, brevemente, deve conferir maior e melhor tráfego entre as duas localidades. As obras estão divididas em duas fases e a cargo de duas empresas: a primeira começa em Menongue e termina na comuna do Longa. A segunda vai do Longa ao Cuito Cuanavale. “Os trabalhos decorrem a bom ritmo e ainda este ano devem terminar”, garante o administrador, reconhecendo que a obra de reabilitação está atrasada, na medida em que a mesma estava prevista durar dois anos e já leva quatro. “Os Trabalhos entre Menongue e a comuna do Longa estão mais avançados. Do Longa para o Cuito Cuanavale estão atrasadas, porque o empreiteiro alega falta de pagamento”, justifica o administrador municipal.

    Ravinas ameaçam

    As ravinas ameaçam destruir muitas obras construídas e reabilitadas no âmbito do Programa de Reconstrução Nacional, apesar de terem sido feitos alguns trabalhos paliativos de contenção. O administrador municipal reconhece a gravidade do problema, dado que surgem de todos os pontos do município.
    “As ravinas estão a vir de todas as direcções da sede municipal e ameaçam destruir as infra-estruturas que estão a ser construídas e reabilitadas, como o aeroporto, a administração municipal e o Memorial”, explica.
    O Executivo Central aprovou um orçamento de 16 milhões de dólares para as estancar na província do Kuando-Kubango. Por isso, Joaquim Bango Katema tem esperança “que mais cedo ou mais tarde” o problema seja resolvido.
    “Os nossos governantes devem olhar por nós, porque não adianta fazermos uma coisa bonita e amanhã ser engolida pelas ravinas”.

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