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    Veiga Tavares: carta de Luaty foi escrita por Rafael Marques

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    A revelação até então pouco conhecida, trazida a público pelo ministro do Interior esta Quarta-feira é de que a declaração atribuída a Luaty Beirão publicada por altura da suspensão da greve de fome não foi da sua autoria

    Vocês viram o texto pre­parado pelo senhor Rafael Marques, que depois foi assinado pelo Luaty e tornado públi­co”, afirmou Ângelo Veiga Tavares, que falava em conferência de im­prensa, realizada, na Quarta-feira, no âmbito das comemorações dos 40 anos de Independência angolana.

    O governante disse que a inter­cepção de Rafael Marques no caso da greve de Luaty tinha sido autorizada pelo Governo em sinal de reconhe­cimento do gesto mostrado que vi­sou dissuadir o acusado a suspender a greve.

    “O próprio senhor Rafael Marques conseguiu o meu número de tele­fone, ligou para mim, manifestou o interesse em recolher assinaturas dos demais para levar ao Luaty para demovê-lo, autorizamos, ele foi, re­colheu as assinaturas e nós autoriza­mos”, revelou.

    O ministro do Interior manifes­tou-se agradado com a onda de solidariedade manifestada pela so­ciedade visando demover o grevista dos seus intentos.

    “Registamos, com algum agrado, a intervenção de partidos da Opo­sição, que procuraram juntar-se ao nosso esforço no sentido de persua­dir, particularmente, o jovem Luaty a não continuar na greve de fome e fomos abertos a todos quantos se predispuseram para o fazer”, sublinhou.

    Luaty desvaloriza vida

    Ficou também revelado pelo mi­nistro Ângelo da Veiga Tavares que o rapper angolano não dá valor à vida, pela forma como minimizava uma eventual intervenção da Polícia num acto de desobediência civil.

    “E posso dar aqui um exemplo, nas suas reuniões, que alguns insis­tem que era para analisar um livro, e faziam a abordagem da incursão ao palácio presidencial, com crianças nos ombros, com mulheres e velhos à frente, enquanto o seu colega de grupo Domingos da Cruz defendia, que se houvesse intervenção das forças armadas, eles deveriam de­sistir dessa incursão para o palácio presidencial, para forçar a demissão do Presidente da República, o jovem Luaty defendia que não deveriam recuar, que deveriam deixar-se morrer”, afirmou o ministro.

    Segundo Ângelo Veiga Tavares, “por aí já se vê que é um jovem que valoriza muito pouco o bem vida”.

    O ministro reiterou a ajuda dada ao acusado durante a sua greve de fome no sentido da preservação da sua vida tendo revelado que a rejei­ção dos alimentos sólidos tinha sido compensada com a administração de alimentação intravenosa.

    “Foi essa a intervenção que fize­mos, preferimos por uma questão de prudência, e até porque era nosso dever e nós iríamos fazer tudo para preservar a vida desse jovem, prefe­rimos transferi-lo para uma clínica de referência, onde foi confirmado aquilo que já tinha sido confirmado no sistema prisional”, sustentou o governante . aparentemente a gre­ve de fome não teve efeitos nefastos, sobre o seu estado físico ao nível do que se suspeitava.

    “E do último relatório que tive acesso, ele estava com uma hemo­globina de 14, se calhar é melhor do que muitos do que estão aqui pre­sentes do ponto de vista de hemo­globina”, ironizou o ministro Veiga Tavares.

    O homem forte do Interior con­firmou o regresso de Luaty Beirão ao hospital-prisão de São Paulo no dia anterior onde se juntou aos res­tantes 14 detidos desde Junho sob a mesma acusação.

    Ingerência externa

    O ministro do Interior de Angola en­tende como “prudente” a detenção dos 15 ativistas angolanos, para não permitir o desenvolvimento de pla­nos apoiados por forças estrangeiras para a desestabilização do país, que previam “mortes”.

    Ângelo Veiga Tavares Apontou, a título de exemplo, que o Governo angolano convidou em 2014 uma cidadã italiana a abandonar o país, porque esta se reuniria com aquele grupo, supostamente dando indica­ções para que nas manifestações de contestação ao regime deveriam ser provocados confrontos com a polícia, gerando entre 20 a 25 mortos. “Por isso é que em alguns casos, a polícia prefere não permitir que tais mani­festações atinjam um nível de con­fronto para atingir esse fim. Portanto, essa cidadã europeia foi convidada a abandonar o país”, frisou.

    Segundo o ministro, também em alguns círculos diplomáticos, alguns cidadãos com esse estatuto instiga­vam esses jovens “e coincidente­mente sempre na mesma perspeti­va”.

    “Haver confrontos para permitir – era o termo que utilizavam – a in­tervenção do ocidente e, por caricato que pareça, a cifra era sempre a mes­ma, entre 20 e 25 mortos”, acrescen­tou.

    Ângelo Veiga Tavares disse que em finais de 2013 transmitiu à UNITA, o maior partido da oposição, que al­guns núcleos daquela força política estavam, naquela altura, a procurar localizar a casa dos ministros da De­fesa e do Interior, do chefe do Servi­ço de Inteligência, do Comandante Geral da Polícia Nacional e do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas.

    O titular da pasta do Interior frisou ainda que havia também informa­ções sobre a preparação de alguma desordem na capital angolana, com a ocupação de novas centralidades ha­bitacionais, a destruição de viaturas e de multibancos.

    O ministro sublinhou que as au­toridades angolanas não têm “o pra­zer de prender quem quer que seja”, realçando que o processo de paz em Angola ainda “não está totalmente consolidado”, por isso há necessida­de de algumas cautelas na aborda­gem de certos assuntos.

    Novamente sobre a ingerência ex­terna nos assuntos de Angola, e sem concretizar, Ângelo Veiga Tavares frisou a necessidade de os angolanos preservarem “um ganho muito im­portante”, que foi terem conseguido alcançar a paz “metendo de fora os estrangeiros”.

    “Hoje, há a tentativa e o agrado do estrangeiro, porque estamos a abrir outra vez uma brecha para que es­ses estrangeiros venham determinar e voltar ao passado de desentendi­mento”, realçou.

    Revús em Benguela julgados sexta feira

    A primeira audiência de julgamento sumário de 18 activistas angolanos detidos há seis dias quando tenta­vam organizar uma manifestação em Benguela retomou sexta feira 06/11 naquela cidade depois de ter sido suspensa por decisão do juiz da causa que alegou sobrecarga de julga­mentos.

    Os jovens foram indiciados pelo Ministério Público no crime de desacato às autoridades, acusação que a defesa considera “arrogante e arbitrária”.

    O julgamento tem lugar na 1ª Secção do Tribunal Municipal do Lobito. (opais.co.ao)

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