Os britânicos agitaram todo o mundo com sua decisão de deixar a União Europeia (UE) em Junho de 2016 e, nesta sexta-feira (8), um ano e meio depois, Londres e Bruxelas chegaram a um acordo sobre os termos da separação.
– 2016 –
Britânicos votam a favor do Brexit
Em 23 de Junho, 17,4 milhões de britânicos (51,9% dos votos) votaram a favor de acabar com 43 anos de integração na União Europeia.
A libra desaba
O resultado do referendo surpreendeu as Bolsas, que logo se recuperaram. Porém, o golpe à libra foi duradouro e se mantém: desde 23 de Junho perdeu mais de 15% do seu valor em relação ao euro e dólar.
Mudança de governo
Em 24 de Junho, um dia depois do referendo, o então primeiro-ministro David Cameron, que convocou o referendo e liderou a campanha a favor da continuidade na União Europeia, apresentou a sua renúncia.
Na disputa para sucede-lo, o rosto mais significativo da campanha pela ruptura com a União Europeia, o ex-prefeito de Londres Boris Johnson, surpreendentemente retirou sua candidatura no último minuto, dando espaço a uma figura de consenso: a ministra do Interior Theresa May.
Recusa judicial
Em 3 de Novembro, a Alta Corte ditou que o governo precisava de aprovação parlamentar para iniciar o processo do Brexit.
O tablóide Daily Mail qualificou os juízes como “inimigos do povo” e o governo apelou.
Em 24 de Janeiro de 2017, a Suprema Corte confirmou a sentença, embora tenha declarado que o governo não tinha a obrigação de consultar Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales nas negociações.
– 2017 –
Parlamento apoia o Brexit
Em 13 de Março, o Parlamento aprovou a lei que deixava o caminho livre para May iniciar a ruptura com a União Europeia, descartando emendas que pediam para respeitar os direitos dos europeus que moravam no Reino Unido e outra reivindicando uma votação parlamentar sobre o acordo resultante das negociações entre UE e Londres.
Eleições antecipadas
Ansiosa para fortalecer ainda mais a sua posição no Parlamento, May adianta as eleições para 8 de Junho e fracassa: vence, mas perde a maioria absoluta e tem que negociar um acordo com os unionistas da Irlanda do Norte do DUP para ganhar o apoio de seus 10 deputados.
Discurso de Florença
Em 22 de Setembro, em um discurso em Florença, na Itália, May pede um período de transição de dois anos depois do Brexit para tornar a separação efectiva, e admite que o Reino Unido terá que pagar uma factura de saída, embora o montante seja alvo de debates com Bruxelas nos meses seguintes.
Brexit tem data: 29 de Março de 2019
Em Novembro, May fixa a data exacta da saída britânica da UE: sexta-feira, 29 de Março de 2019, às 23h00 (meia-noite em Bruxelas).
Irlanda, ponto de discórdia
A questão da Irlanda irrompe como o principal obstáculo a um primeiro acordo sobre os termos de separação.
União Europeia e Dublin exigem que a fronteira entre a província britânica da Irlanda do Norte e Irlanda continue sendo de livre trânsito, mas isso não se encaixa com a pretensão britânica de deixar o mercado único e a união aduaneira.
Em 4 de Dezembro, quando parecia que Londres concordaria, os unionistas da Irlanda do Norte do DUP torpedaram o acordo.
Acordo em Bruxelas
Nesta sexta-feira, 8 de Dezembro, pouco depois das 06h00 GMT e após longas negociações, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e May anunciam em Bruxelas que chegaram a um acordo sobre os termos da separação.
Juncker declara que recomendará aos 27 países restantes a passar para a segunda fase das negociações de ruptura na cúpula que ocorrerá nos dias 14 e 15 de Dezembro.
A segunda fase é aguardada por May e pelos empresários britânicos: a das futuras relações comerciais. (Afp)