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    Tempestade perfeita no caminho de Dilma?

    (Foto: Flickr.com)
    (Foto: Flickr.com)

    Pouco depois de ser empossado no seu primeiro mandato como presidente do Brasil, um empolgado Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que seu partido ficaria pelo menos 20 anos no poder. Vai completar 12 anos. Mas para chegar a 16, com as eleições presidenciais de outubro (1º turno) ou novembro (2º ), o Partido dos Trabalhadores e o governo já não disfarçam a preocupação. Dilma Rousseff vem caindo nas pesquisas de opinião e não consegue sair do córner diante de tantos fatos negativos atingindo a sua presidência.

    A sua popularidade caiu de 43 para 36 cento pelo último levantamento do instituto Ibope, longe dos 64 por cento de aprovação de um ano antes. Pelo Datafolha, de começo de abril, as intenções de voto em Dilma Rousseff foram de 44 para 38 por cento em um mês. Ainda ganharia na primeira rodada de votação, pois os principais adversários permanecem estacionados, mas, como se diz, ela vem “morro abaixo”.

    Há um viés de baixa desfavorável acentuado que deverá ser melhor captado nas próximas pesquisas. Juntando que a avaliação dos brasileiros é ruim sobre nove das principais áreas de atuação do governo – ainda pela mesma pesquisa Ibope –, justifica o recado que Lula deu a ela recentemente: “partir para o ataque”.

    Na política de Brasília isso é significa abrir os cofres públicos para os aliados de primeira e segunda hora, acelerar a distribuição de cargos na administração, aumentar os já recordistas gastos com publicidade oficial e desviar a atenção da opinião pública o quanto puder. De quebra, o ex-presidente continua na estrada como o principal cabo eleitoral, já que ainda goza de popularidade.

    Por enquanto, mesmo as cerejas do bolo, que sustentavam a imagem da administração do PT, não asseguram uma travessia mais tranquila – como se apostava – na campanha que oficialmente não começou. A importação de 7.400 médicos cubanos para atender as regiões mais carentes, o programa de habitação popular combinado com os programas de transferência de renda e os bons índices estão sendo engolidos pela “tempestade perfeita”, como alguns analistas estão chamando.

    Ao lado da corrupção pública, a economia cresce abaixo dos países emergentes (2,3% em 2013 e expectativa de 1,8% em 2014) e a inflação permanece alta (6,5%), enquanto a ineficiência do Estado em atender as mais básicas demandas parece que despertaram o conformado povo brasileiro. A tempestade é completa com o principal partido parceiro, o PMDB, se rebelando no Congresso e nos estados, com a ajuda do “fogo amigo” que vem de dentro do próprio PT. É o instinto de sobrevivência político falando mais alto.

    O consultor em marketing político Gaudêncio Torquato resumiu, em artigo recente, em uma metáfora: “Os desvios, as veredas escuras e teias de corrupção que agem nos intestinos das estruturas públicas produzem o monumental desperdício do PIB”.

    O recente escândalo da Petrobras, em conjunto com a certeza de que o Brasil já perdeu a Copa do Mundo fora de campo, é o coroamento desse processo de desgaste do governo.

    A presidente continua insistindo que endossou a compra da refinaria de Pasadena sem saber de cláusulas prejudiciais, que resultaram em prejuízo de mais de US$ 1,1 bilhão à companhia petrolífera orgulho nacional. Mesmo que não tenha havido superfaturamento em benefício de alguns diretores envolvidos no negócio, como se suspeita, não tira de Dilma Rousseff a responsabilidade como gestora, pois em 2006, então ministra de Minas e Energia, era presidente do Conselho da empresa estatal.

    A polêmica colou no imaginário do eleitorado colocando em dúvida sua capacidade administrativa tão decantada pelo seu padrinho político nas eleições de 2010. Capacidade administrativa que, ainda em relação à Petrobras, se mostrou um desastre nos últimos anos. Mesmo com a descoberta das jazidas do Pré Sal, a empresa pública hoje vale a metade (US$ 76,6 bilhões) do que valia há oito anos. Foi o 12º maior grupo do mundo, caiu para a 48º há um ano e atualmente marca o 120º lugar, pelos cálculos do Financial Times.

    Para aumentar a tempestade, nuvens negras no horizonte. Os brasileiros, e os turistas internacionais, já sabem que as promessas de melhores aeroportos e outras obras de infraestrutura para a Copa não ficarão prontas este ano. Seriam a outra cereja do bolo do governo Dilma.

    E o orçamento previsto inicialmente em 2007 já foi multiplicado por três. Quase bate em US$ 5 bilhões, o que tem motivado, na carona de outras reivindicações, violentos protestos de rua em São Paulo e Rio de Janeiro desde junho do ano passado, com a expectativa de que se tornem mais contundentes a partir de 13 de junho.

    Se o Brasil ganhar a competição, Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB sabem que Dilma Rousseff vai capitalizar para sua campanha. Na euforia típica dos brasileiros para com a sua seleção de futebol, o governo vai ganhar um pouco de fôlego.

    Com a máquina administrativa na mão e talão de cheques, dificilmente uma tempestade faria o Brasil mudar a presidência. Agora, com a taça na mão, é covardia. (ruvr.ru)

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