O suicídio do ex-presidente peruano Alan García, cujo corpo está a ser velado desde esta quinta-feira na sede do seu partido, divide o país e desperta críticas contra o Ministério Público pela sua política de pedir prisões preventivas dos investigados pelo escândalo de corrupção da brasileira Odebrecht.
Segundo informa a AFP, cenas de dor e angústia dos militantes se multiplicaram desde cedo na “Casa Del Pueblo”, onde centenas de pessoas desfilaram ordenadamente em frente ao caixão de García para prestar homenagens ao duas vezes presidente peruano.
Os simpatizantes tentavam tocar o ataúde, coberto por uma bandeira peruana e outra do partido social-democrata Aliança Popular Revolucionária Americana (Apra).
O velório vai continuar até sexta-feira, quando o corpo de García, de 69 anos, for incinerado num cemitério de Lima, informou o dirigente da Apra, Omar Quesada.
García morreu na quarta-feira num hospital de Lima após atirar contra si próprio quando a polícia judiciária ia lhe prender por 10 dias por um caso de suposta lavagem de activos ligado à Odebrecht.
A arma usada foi um presente da Marinha de guerra peruana durante o seu mandato.
O governo decretou três dias de luto nacional de 17 a 19 de Abril, mas a família rejeitou qualquer homenagem.
“A decisão da família é que não haja actos oficiais”, disse o congressista Jorge Del Castillo, ratificando a rejeição à presença de qualquer representante do governo.
A família de García, que teve seis filhos de três relações diferentes, não aceitou a presença de nenhum representante oficial, nem a coroa de flores das autoridades.
– Perseguição –
O partido atribui o suicídio de García a uma perseguição de sectores da imprensa e do MP especial da Lava Jato/Odebrecht, com respaldo do actual presidente, Martín Vizcarra.
“O que algumas pessoas e um sector da imprensa odiosa queriam era vê-lo preso, essa não é a forma de tratar um presidente, ele não ia permitir isso, como não permitiu”, garantiu Del Castillo.