O director do Serviço de Investigação Criminal (SIC), comissário-chefe Eugénio Pedro Alexandre, informou hoje, quinta-feira, em Luanda, que o seu órgão vai dar prioridade ao combate aos crimes violentos que ocorrem no país.
“Temos como prioridade o combate ao crime violento, aos roubos, homicídios, tráfico de drogas e de seres humanos”, referiu o director do SIC ao falar à imprensa, à margem da reunião do Conselho Consultivo Alargado da instituição afecta ao Ministério do Interior.
Adiantou que houve um decréscimo dos crimes violentos durante o primeiro semestre do ano em curso. No entanto, notou que a agressividade desses delitos tem impacto no sentimento de segurança.
O oficial comissário declarou que o SIC vai ainda dar atenção especial aos crimes económicos e financeiros, nomeadamente o branqueamento de capitais, fuga ao fisco e outros delitos de natureza económico-financeira.
Em relação ao fenómeno “prender para depois investigar”, o director do SIC fez saber que nos últimos tempos têm estado a alterar significativamente esta mentalidade, reconhecendo existir funcionários da instituição que fogem a práticas aceites e instituídas.
“Alguns, mas poucos, prendem para investigar, reprovamos estas práticas e a indicação que temos dados é que devem investigar e quando tiverem as provas, ai sim, propor ao Ministério Público para a emissão de mandados de captura e nunca o contrário”, expressou.
Quanto ao tráfico de drogas, o comissário-chefe Eugénio Alexandre entende que é altura de deixar prender apenas as mulas. “Temos que trabalhar para também deter os grandes traficantes e os barões”.
Informou que o ano passado foram remetidos a juízo cerca de 400 processos de indivíduos envolvidos no tráfico de drogas.
A alta patente disse ser necessário accionar a cooperação com o Brasil, por ser o país onde é proveniente a maior parte da droga que é traficada em Angola.
Fez saber que alguns cidadãos radicados naquele país utilizam documentos falsos, passando-se por angolanos, quando na verdade não o são. “São esses cidadãos que recrutam as mulas e enviam-nas para Angola com droga simulada no organismo e em malas”.
Adiantou que no decurso deste ano, a corporação esclareceu cerca de 60 casos de droga.
Eugénio Pedro Alexandre referiu-se igualmente ao desaparecimento de menores, salientando que nem todos os casos do género têm natureza criminal.
“Há menores que abandonam a família e os seus lares e também temos tido casos de simulação de rapto de menores. Portanto, em termos de rapto de menores, não é assim tão preocupante como se tem propalado”, disse.
O director do Serviço de Investigação Criminal manifestou-se igualmente preocupado com os crimes sexuais.
A propósito, louvou a iniciativa da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, que criou uma comissão para a elaboração de um diploma legislativo avulso para agravar as molduras penais dos crimes sexuais.
Disse não compreender como é que cidadãos que violam menores de 12 anos e anciães sejam postos em liberdade, em função destes delitos.
O Serviço de Investigação Criminal (SIC) é a denominação atribuída à nova entidade do Ministério do Interior que absorve todos os funcionários da Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC) e da Direcção Nacional de Inspecção e Investigação das Actividades Económicas (DINIAE). (portalangop.co.ao)