O secretário-geral do PS acusou hoje o primeiro-ministro de “negociar, nas costas dos portugueses”, mais sacrifícios para os reformados, desafiando Pedro Passos Coelho a esclarecer rapidamente a situação.
“Hoje os portugueses foram confrontados com um documento que existe no seio das instituições europeias, desde pelo menos o dia 19 de março, e que mostra bem a cultura e a matriz deste Governo: negociar nas costas dos portugueses, enganar os portugueses, para negociar com a ‘troika’ mais sacrifícios sobre os mesmos, os reformados e os funcionários públicos”, afirmou o líder socialista, no encerramento da conferência “A economia social em novo rumo”, organizada pelo partido numa escola em Sintra.
António José Seguro referia-se a um documento da Comissão Europeia que prepara a aprovação da 11.ª avaliação regular ao Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF), datado de 19 de março, divulgado por alguns jornais e, entretanto, noticiado pela Lusa. Segundo Bruxelas, o Governo terá de realizar “uma reforma global do regime de pensões”, que deverá incluir “medidas a curto prazo”, reforçando-se “o vínculo entre direitos de pensão e critérios demográficos e económicos”.
Recordando a polémica de há duas semanas com a informação transmitida por fonte do Ministério das Finanças, de que o executivo ponderava criar um mecanismo permanente para substituir a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) nas pensões, António José Seguro insistiu nas acusações de que o Governo e o primeiro-ministro “não jogam limpo com os portugueses” e que Passos Coelho “não mostra toda a verdade aos portugueses” e “não tem respeito” por eles.
“Podemos concordar ou discordar da governação, o que não é aceitável é que haja um Governo e um primeiro-ministro que governe mentindo aos portugueses”, sublinhou.
O líder socialistas desafiou depois o primeiro-ministro a “esclarecer rapidamente o que se passa e que negociações foram essas”, considerado que “é imoral” que Passos Coelho diga primeiro que não há nenhum documento e, depois, quando este aparece não diga o que se está a passar.
“É devida uma palavra, é devido um esclarecimento, o primeiro-ministro não pode dizer ‘esperem que depois logo eu digo'”, acrescentou.
Ao início da tarde, à margem da apresentação dos candidatos da Aliança Portugal às eleições Europeias, o primeiro-ministro afirmou apenas que “não há novidades” nas notícias sobre as medidas a aplicar pelo Governo sobre o corte definitivo nas pensões, enquanto o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, acrescentou que “não há contradições”.
O documento conhecido esta manhã refere, também, que “as especificidades conceptuais” da reforma das pensões serão apresentadas na 12.ª avaliação regular ao programa, esperando-se que seja entregue ao parlamento um projeto de lei neste sentido até junho. (noticiasaominuto.com)