Pelo mundo fora, os controladores de trâfego aéreo são homens que dentro do espaço aéreo e terrestre sobre sua jurisdição prestam serviço de orientação e monitorização de aviões, a fim de garantir um fluxo de tráfego seguro, ordenado e rápido. Estes profissionais, também fornecem indicações e autorizações de voo de acordo com as características operacionais das aeronaves e as condições de tráfego em determinado momento nos aeroportos.
As autorizações que os controladores de trâfego aéreo passam para a tripulação e para os seus homólogos nas aéreas de destino dos aviões, podem incluir a rota, altitude e a velocidade proposta pelo operador da aeronave para determinados voo. E, para que a viagem seja segura e tranquila, os pilotos devem cumprir as instruções recebidas para se evitar acidentes nos céus e nas pistas.
O secretário-geral do Sindicato dos Controladores de Trâfego aéreo de Angola, Mário Canda Júnior, considera a missão nobre e realça as vantagens da criação do sindicato numa altura em que o país possui mais de três aeroportos com condições para efectuar o trâfego internacional.
Mário Canda Júnior disse que, o sindicato dos controladores de trâfego aéreo no país foi criado no mês de Junho de 2011 em assembleia realizada numas das salas do hotel trópico, tudo porque, a associação antes existente desde a criação do aeroporto, não tinha carácter reivindicativo conforme previsto na lei.
“Logo, como as normas jurídicas assim o permitem surgiu o sindicato que está a trabalhar em estreita colaboração com a entidade empregadora ENANA, e o Ministério dos Transportes como órgão de tutela para a resolução dos problemas que têm afectado esta classe de profissionais. Actualmente no sindicato estão inscritos a nível nacional cerca de 80 controladores de trâfego aéreo, sendo que 20 deste número são senhoras” sublinhou o responsável.
Mário Canda Júnior fez saber que 90 porcentos dos controladores de trâfego aéreo encontram-se em Luanda devido ao fluxo de aviões e passageiros que a capital do país regista todos os dias e também porque as condições ainda não permitem para se estender o mesmo serviço nas demais províncias.
Ainda assim, encontram-se alguns controladores de trâfego aéreo nas províncias de Cabinda, Benguela, Huíla e no Huambo. Já as demais, contam apenas com o trabalho dos técnicos em aeronáutica que presta simples serviço de informação de voo nos aeroportos, daí urge a necessidade de se aumentar o número de profissionais no controlo de trâfego aéreo porque todos os aeroportos com muito ou pouco movimentos precisam deles.
Segundo Mário Canda Júnior, a nível do controlo de aeronáutica existem três degraus, o primeiro chama-se controlo feito a nível dos aeroportos, o segundo é controlo de aproximação, e terceiro e o último é o controlo de área de rota.
Mas para o serviço de aproximação que é contido exclusivamente aos aeroportos, apenas é feito em Luanda, porque o grosso de trâfego aéreo é feito nesta cidade. Tudo o resto são feitos serviços de informação de voo.
Dificuldade dos controladores
Questionado sobre o reduzido número de membros inscritos no Sindicato, Mário Canda Júnior explicou que, não é fácil ser controlador de trâfego aéreo principalmente no país, porque não é uma carreira com apetecem pelas pessoas que procuram o mercado de trabalho. “É esgotante, stressante e trabalha-se quase sempre sobre pressão, e por cada duas ou três horas de posição dos controladores ele tem instantaneamente sobre sua responsabilidade a vida de cerca de mil e tal pessoas”.
“E dado aos níveis altos de pressão que o controlador trâfego aéreo tem todos os dias e fraca aderência das pessoas a esta profissão, a Organização Mundial da Aviação Civil recomenda que o salário destes profissionais e as outras regalias sociais sejam as melhores possíveis dada a responsabilidade que se lhes impõem. Isto vai também atrair outros candidatos a profissão”.
Mário Canda lamenta o triste facto de em Angola estarmos longe desta realidade se comparado com a tabela salarial e as regalias sociais que os controladores dos outros países recebem. Porque, prosseguiu Mário Canda, o salário do controlador em Angola é tão baixo que nem conseguimos pagar a casa mais barata na cidade do Kilamba nos moldes da renda resolúvel.
“E quem tem casa é algo básico e sem condições porque as demais regalias sociais que devíamos ter para não tirar mais do pouco salário não temos, por isso, criou-se o sindicato para trabalhar com o Ministério de tutela com objectivo de diminuir as dificuldades que os controladores de trâfego aéreo enfrentam”.
O secretário-geral do sindicato disse ainda que, os controladores de trâfego aéreo trabalham por turno, e por cada turno podem ser escalados dois controladores em cada órgão. E se for numa torre de controle, um vai controlar directamente os aviões e o outro vai fazer todas as coordenações necessárias com os outros órgãos de apoio, e eles trabalham mesmo nos limites das suas capacidades todos os dias.
Horas de pico nos aeroportos
Tal com o trâfego nas ruas de Luanda tem horas de pico, no aeroporto as coisas não fogem a regra, ali as horas de pico se processam no período da manhã das 6h30 às 9horas porque todos querem sair de Luanda para as províncias e para outros países, logo, o número de aviões a aterrar em Luanda é ínfimo.
“Depois temos o horário das 10horas até às 14 horas onde os voos que saíram estão de regresso para aterrar e também tem outros que estão a descolar. Este período, nós chamamos de “infernal” porque tem muito fluxo de aviões e de pessoas, e como um nível de equipamentos não é dos melhores então temos que fazer ginásticas para que o trabalho corra sem sobressaltos”.
Mário Canda explicou que nesses horários o controlador deve manter toda calma possível para conseguir meter ordem na casa porque só podem aterrar e descolar um avião de cada vez independentemente do fluxo, e os intervalos da aterrizagem e descolagem dos aviões geralmente é de sete a oitos minutos.
A título de exemplos, se estiverem a chegar a Luanda três aviões no mesmo horário, o controlador deve ordenar que um aterre primeiro, enquanto os demais ficam a espera do sinal num processo que se chama ponto de espera (os aviões no ar, bem próximo da área do aeroporto esperam o sinal do controlador para também aterrarem). O mesmo acontece com a descolagem.
Faltam escolas
Questionado sobre a escola de formação de controladores de trâfego aéreo no país Mário Canda Júnior disse que, actualmente não existe escolas direccionada para esta área do saber porque, a Organização Civil Internacional fez uma inspecção no país e considerou que o Centro Aeronáutico de Instrução que pertence a ENANA não tinha condições para continuar a administrar o curso por isso, escola fechou as portas.
“Para quem quiser ser controlador de trâfego aéreo, deve por conta própria ir para a África do Sul fazer o curso, e depois solicitar um estágio na ENANA e para tal é exigido que o candidato tenha no mínimo o terceiro ano da faculdade porque as técnicas actuais exigem um bom grau académico, e se for aceite, lhe é feito uma bateria de exames físicos e psicotécnicos para torna-se um controlador de trâfego aéreo nacional”.
Acidentes da aviação
Mário Canda Júnior explicou que, os acidentes de aviação quando acontecem é porque houve uma sucessão de erros que não foram detectados com o tempo muito menos os sistemas denunciaram e por isso, acontece, e serve de incentivo para se aprofundar os estudos em aeronáutica, para saber o porquê que tal aconteceu e melhorar as condições para evitar outros possíveis acidentes.
Mas salienta que, vários factores podem estar na origem do acidente como más condições da pista, falta de comunicação fiável com os técnicos, condições meteorológicas, e a pouca visibilidade da tripulação daí a importância dos controladores de tráfego aéreo para orientar devidamente a tripulação e impedir que acidente.
“E para que toda viagem corra bem, controladores de tráfego aéreo dependem das informações que provêem das avionicas dos computadores que estão nas portas das aeronaves, eles enviam as informações para os componentes que os controladores têm, são estas que os controladores usam para poder manter a segurança de todo o movimento de aviões.
Segundo Mário Canda Júnior, os acidentes na aviação não ocorre do nada, em termos de aviação nós falamos que para que o acidente venha a ocorrer é uma cadeia de erros que foram acontecendo e que não foram resolvidos a tempo, deixou-se proliferar até o acidente ocorrer.
Embora a última decisão dependa do comandante da tripulação para aterrar em função das informações que lhe são passadas, é importante dizer que os aviões até no ar devem obedecer regras.
Por exemplo, prosseguiu Mário Canda, se existir na área onde o avião vai sobrevoar edifícios de cinco andares que do solo até ao topo a distância é de 10 metros, então para evitar perigos, o avião para passar por cima destes edifícios deve acrescentar mais cinco metros dos 10 já existentes perfazendo assim 15 metros de altitude. Esta é altura segura para o avião sobrevoar nesta área. Porque abaixo disso, é muito perigoso.
“E se tiver também um teto de nuvem muito abaixo disso o procedimento é o mesmo, e os pilotos sabem disso, se não cumprirem e acontecer alguma coisa lhe é imputada toda culpa”.
Mas antes do voo levantar, todas as outras situações relacionadas com os passageiros, cargas, manutenção do próprio aparelho e tudo mais, isto é responsabilidade das companhias ou das operadoras.
O controlador de trâfego aéreo só possa autorização par aeronave sair ou aterrar quando tiver a certeza que no espaços físico onde eu estou orienta-la não existe nenhum obstáculo que possa por em perigo todo um processo.
De recordar que o dia internacional do controlador de tráfego aéreo se celebrou no passado dia 20 de Outubro.
Fonte: JA
