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    Saúde pública: Diáspora pede mais sensibilidade a governo de João Lourenço

    Vários oradores concordaram, este sábado (10.07), em Lisboa, que é preciso uma nova abordagem e estratégia para o setor da saúde pública em Angola, voltando a criticar situação de doentes angolanos em Portugal.

    Angola precisa de actuar na área da saúde preventiva e investir mais nos centros médicos junto das comunidades ao invés dos grandes hospitais, defendeu o jornalista angolano, William Tonet, em declarações à DW no final do I Fórum Internacional, realizado este sábado (10.07), em Lisboa, para debater o estado da saúde pública em Angola e na diáspora.

    Antes, na sua comunicação, o diretor do jornal angolano, “Folha 8”, um dos promotores do referido fórum, teceu fortes críticas ao sistema de saúde do país, onde ainda se regista mortalidade infantil elevada. Deu o exemplo da melhor pediatria, David Bernardino, em Luanda, onde morrem por dia entre 20 a 23 crianças.

    “Há doentes que, em Benguela, não conseguem muitas vezes fazer hemodiálise porque o hospital não tem condições”, afirmou, dando conta que tal acontece também em Luanda.

    Adriano Manuel, presidente do Sindicato dos Médicos de Angola
    (DR)

    Na sua comunicação em vídeo, Adriano Manuel, presidente do Sindicato dos Médicos de Angola, realçou precisamente isso: que o país deve adotar um sistema de saúde preventiva. “O Governo de Angola deve trabalhar fortemente na prevenção», precisou o médico, criticando a política do executivo do Presidente João Lourenço, que recentemente aprovou um orçamento de mais de 150 milhões de dólares para a construção de mais três grandes hospitais. “Na nossa perspetiva, este não é o problema de Angola. O problema de Angola passa necessariamente pela prevenção”, insistiu.

    Vitorino Leonardo, da Associação de Apoio aos Doentes Angolanos em Portugal, concordou com a proposta de Adriano Manuel. “O principal problema está na base e nas periferias”, porque além da COVID-19, o país também enfrenta situações muito mais graves como a malária ou a hipertensão, que arrasta consigo outras doenças como diabetes e insuficiência renal.

    Socióloga Luzia Moniz
    (DR)

    Investir na saúde e na educação
    Mas como alcançar melhorias no setor da saúde pública num momento de crise económica e recursos financeiros escassos? Na opinião de Vitorino Leonardo, o problema não é financeiro. “Os recursos existem”, acrescentou em declarações à DW, sublinhando que o país deve priorizar condições de saneamento básico e criar hospitais e postos médicos mais próximos da população, assim como formar médicos especialistas e técnicos em várias áreas tendo em conta a dimensão de Angola.

    A socióloga angolana, Luzia Moniz, sustentou que “não há uma boa saúde se não tivermos um bom nível de educação”. E, porque o que falta a Angola é a definição de prioridades, disse que “é urgente mudar o regime”, mas “um regime assente na solução dos problemas das pessoas”.

    Paulo de Morais, líder da Associação Cívica portuguesa, sustentou que deve-se suscitar “uma intervenção da comunidade internacional”, nomeadamente das Nações Unidas, mas também da CPLP, “para enviar recursos para Angola destinados fundamentalmente para os setores da educação e da saúde”. O ex-candidato às eleições presidenciais portuguesas é defensor de “fortíssimos investimentos em Angola” para fazer funcionar centros de saúde, dispensários, hospitais, entre outras infraestruturas destinadas a servir os cidadãos angolanos.

    Por seu lado, João Paulo Batalha, que foi presidente da Transparência e Integridade (TIAC), disse na sua comunicação que é preciso romper com o pacto de cumplicidade entre os governos de Portugal e de Angola, ajudando a “recuperar os ativos roubados ao povo angolano” de modo a aplicá-los no apoio aos que mais necessitam.

    Para William Tonet “há dinheiros públicos”. O que é preciso, adianta à nossa reportagem, é ter a contribuição de todas as pessoas e de todas as partes.

    “Não precisamos, efetivamente, de pensar em grandes projetos quando temos muitas pessoas aqui [em Portugal] que precisam de pouco para sobreviver”.

    William Tonet
    (DR)

    Doentes angolanos desamparados em Portugal
    Segundo o diretor do “Folha 8”, foram desviados seis milhões de dólares/ano, enquanto os doentes recebiam uma ninharia. “Agora, para se não levar uma sindicância resolve-se cortar tudo e mandar as pessoas para a morte”, lamenta, reafirmando na qualidade de um dos atores sociais toda a solidariedade para com os doentes em situação crítica em Portugal.

    Tonet quer que os órgãos de direito também sejam sensíveis e ajudem a resolver o drama dos cidadãos angolanos que lutam pela sua sobrevivência. “É preciso ter sensibilidade para não desprezar aqueles que carecem de uma oportunidade para prolongar a sua vida por razões ou vaidades umbilicais dos políticos”, declarou à DW. “Por isso é que a nossa associação “Amplo Movimento de Cidadãos” e o nosso jornal o “Folha 8″ lideraram este primeiro fórum sobre o estado da saúde pública em Angola e na diáspora”, explicou.

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    FonteDW

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