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    Ricardo Salgado: “Penso todos os dias nos lesados do BES e sofro com isso”

    O antigo presidente do Banco Espírito Santo reafirma em entrevista à TSF que o BES foi vítima da intervenção do Banco de Portugal e garante que se preocupa com os lesados.

    Ricardo Salgado, antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES), garante que sofre com os problemas dos lesados do BES. “Devo dizer que falo com muitos lesados. Penso todos os dias nos lesados. Todos os dias. E sofro com isso”, declarou o ex-banqueiro em entrevista à rádio TSF, difundida este domingo e publicada pelo Expresso.

    “O Banco Espírito Santo tem 150 anos e nunca lesou ninguém. Agora, quem desencadeou este processo do cerco à área não financeira do grupo é que acabou por fazer cair empresas como a Tranquilidade e outras. Não fui eu que provoquei os lesados, não fui eu que causei esta resolução. Não sou responsável por isso”, defendeu-se Ricardo Salgado.

    Salgado insiste que não foi o culpado da queda do BES, que resultou, na sua perspetiva, da resolução imposta pelo Banco de Portugal, para isolar o banco dos riscos da sua exposição aos outros negócios do Grupo Espírito Santo.

    “Foi um erro. Aquilo é típico do médico que mata um cliente porque lhe aplicou um remédio que não é apropriado. Um remédio ao lado daquilo que deveria ter sido”, afirmou Ricardo Salgado à TSF.

    Na entrevista, o ex-líder do BES admite que consegue dormir, mas “não totalmente descansado”. E questiona a acusação que o antigo administrador Amílcar Morais Pires fez em livro de ter sido traído.

    “O livro está bem escrito, mas o Morais Pires chama-me traidor quando fui eu quem propôs o nome dele para a Comissão Executiva do BES, procurei mantê-lo na Comissão Executiva do BES. Como é que eu podia opor-me ao governador do Banco de Portugal? A partir de uma certa altura ele não queria nem o Morais Pires nem as outras senhoras, competentíssimas nas suas funções. Há aí um erro de perceção”, aponta Salgado.

    Questionado sobre o facto de a investigação ao BES ainda não ter resultado numa acusação, ao fim de cinco anos, e sobre a possibilidade de reparar os danos na sua reputação, Salgado diz ter esperanças. “Estou aqui a lutar todos os dias para a reparação. E quero acreditar que há Justiça em Portugal. Que continua a haver justiça em Portugal. Bom, sempre disse isso. De maneira que tenho esperanças. Agora, há uma coisa que já não é reparável: é o desaparecimento do maior banco comercial português, do mais internacional dos bancos portugueses. Tem um efeito tremendo sobre o nosso país”, comentou.

    Na mesma entrevista, Salgado denunciou a venda da Tranquilidade à Apollo, sublinhando que a seguradora valia muito mais do que os 40 milhões por que foi alienada. “A PricewaterhouseCoopers avaliou em 700 milhões. Sabe por quanto é que foi vendida? 40. É claro que houve pressões do Instituto de Seguros e do Banco de Portugal para vender”, realçou Salgado.

    “Quem é que foi favorecer? Mais um fundo abutre, que era a Apollo. A Apollo é um grupo importantíssimo, mas comprou esta empresa por nada”, lamentou Ricardo Salgado.

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