Depois de uma semana negra, em que foram notícia a espionagem contra os governos francês e alemão, os serviços secretos norte-americanos vêem-se confrontados com o anúncio da publicação de novos documentos que provariam uma vigilância ilegal sobre o Governo italiano. Implicados nessa espionagem estariam também os serviços secretos do Reino Unido e os da própria Itália.
O site do semanário italiano L’Espresso adianta hoje algumas informações contidas na edição em papel que estará na rua amanhã, sexta feira. Tudo se baseia em documentos facultados pelo exilado norte-americano Edward Snowden, que apresentam uma imagem abrangente sobre a atenção dispensada à Itália tanto pelo programa norte-americano Prism como pelo programa britânico Tempora.
O site de L’Expresso cita como depositário dos documentos de Snowden o jornalista do Guardian Gleen Greenwald e adianta que as informações sobre a espionagem que tinha como alvo a Itália irão ser divulgadas ao longo das próximas semanas.
Algo que já se tornara evidente a propósito da espionagem levada a cabo no Brasil volta a surgir nos documentos sobre a Itália: o pretexto da vigilância alegadamente destinada a controlar actividades terroristas serve afinal para ocultar uma espionagem muito mais ampla, e com grande curiosidade pela economia.
Assim, em alguns dos documentos do programa britânico Tempora prescinde-se mesmo dos circunlóquios sobre “terrorismo” e afirma-se que a espionagem pretende contribuir para “o bem estar económico da Inglaterra”. E são referidos seguidamente os “graves desafios económicos”.
O artigo de L’Espresso que antecipa as notícias a publicar na sexta feira conclui, enfim, com uma constatação algo surpreendente: “Nesta recolha massiva [de informação] também os nossos serviços secretos [italianos] desempenharam um papel. Os documentos de Snowden afirmam que os nossos aparelhos de segurança tinham um ‘acordo de terceiro nível’ com a instância britânica que tratava só de espiar as comunicações”. (rtp.pt)