Numa entrevista à TVI, o economista e consultor do Governo António Borges disse que a possibilidade de concessionar a RTP1 era “muito atraente” e que, provavelmente, a RTP2 iria fechar. Fonte do gabinete de Miguel Relvas, ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares que tutela a Comunicação Social , já confirmou que o projeto tornado público “é o modelo que está em cima da mesa e é o modelo que cumpre os objetivos do Governo”.
Assim, em reação ao sucedido o antigo diretor-geral da RTP, Emídio Rangel, disse à agência Lusa que a possível concessão do canal público a privados “abandona completamente as obrigações que o Estado tem no serviço público” deixando “nas mãos de terceiros” a regulação deste serviço.
Rangel diz esperar que o Governo esteja a ponderar outros projetos, porque este “é aquele que não merece consideração alguma” e, para além disto, “é um verdadeiro tiro nos pés” e sinónimo de ” desprezo total pelos públicos portugueses”.
Manuel Falcão, diretor-geral da agência de meios Nova Expressão e ex-director de programas da RTP2, também disse à agência Lusa que o Estado não pode “demitir-se de regulador” do setor e que esta é uma ” solução mascarada e indefinida”.
O ex-diretor de programas da RTP2 aproveitou a ocasião para questionar o facto de os contribuintes pagarem uma taxa de audiovisual a um canal público que vai ser concessionado a um privado.
Neste sentido, Eduardo Cintra Torres, crítico de televisão, disse que “o essencial é saber qual o modelo de conteúdos de interesse público que são devolvidos aos portugueses que pagam esse serviço público”.
O crítico de televisão não se mostrou contra o modelo apresentado e considera constitucional a “novidade” que é o “retrocesso de privatização para um modelo de concessão”.
No entanto, Paquete de Oliveira, sociólogo e ex-provedor da RTP, confessou que foi com “surpresa” que recebeu a novidade da concessão da RTP. O sociólogo considera que o projeto está “em contramão” com o que o Governo anunciou e que é importante saber se esta ideia foi lançada “para abrir a discussão” ou se é, realmente, o projeto que está em curso.
Na opinião do realizador António Pedro Vasconcelos, que foi membro do Conselho de Opinião da RTP, o presidente da República precisa de travar o “atentado contra o serviço público de televisão” que é, também, “um atentado à democracia”.
O cineasta lançou um manifesto contra a privatização da RTP que uma vez que este projeto “não está na agenda da troika, nem da União Europeia”.
FONTE: JN