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    Quem ganha e quem perde com a reforma ministerial?

    Presidente Dilma Rousseff anuncia corte de ministérios ao lado de vice Michel Temer  (Agrncia Brasil)
    Presidente Dilma Rousseff anuncia corte de ministérios ao lado de vice Michel Temer (Agrncia Brasil)

    A presidente Dilma Rousseff levou mais de um mês para conseguir fechar a reforma ministerial. A tarefa de acomodar todos os interesses políticos foi tão trabalhosa que extrapolou o prazo anunciado inicialmente (setembro) e ficou aquém do corte prometido (dez ministérios).

    Na manhã desta sexta-feira, ela informou a redução do número de pastas de 39 para 31 e o aumento do espaço do PMDB, que ganhou o disputado Ministério da Saúde e passou a comandar sete cadeiras em vez de seis. Anunciou também o corte de mais 3 mil cargos comissionados e redução de 10% na remuneração dos ministros.

    A longa negociação evidencia a importância do gesto: a troca de ministros é considerada em Brasília um movimento fundamental para recompor a governabilidade e afastar o risco de um impeachment.

    No entanto, mesmo esse enorme esforço de articulação política – que contou com atuação direta do ex-presidente Lula – pode não ser suficiente para fortalecer o governo e blindar Dilma contra as tentativas de derrubá-la, acreditam analistas ouvidos pela BBC Brasil.

    Para alguns, a reforma dá novo fôlego a seu governo no curto prazo, já para outros escancara o quão fraca está Dilma. O vencedor inequívoco da reforma, dizem, é o PMDB. Do outro lado, saem derrotados o PT e os movimentos sociais.

    Foi confirmada também nesta manhã a substituição do ministro de confiança da presidente Aloizio Mercadante por Jaques Wagner, petista próximo a Lula, no comando da Casa Civil.

    Algumas pastas foram fundidas, como as secretarias de Direitos Humanos, Políticas para as Mulheres e Políticas de Promoção da Igualdade Racial, o que desagrada profundamente grupos da base do PT. Para tentar reduzir o desgaste foi escolhida uma mulher negra para comandar o novo Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes.

    Quem ganha com a reforma?

    Para o cientista político Antonio Lavareda, professor da Universidade Federal de Pernambuco, a reforma ministerial “talvez não sinalize exatamente o que se vê”. Embora ela tenha sido realizada com objetivo de fortalecer Dilma, ele diz acreditar que as mudanças evidenciam exatamente o contrário.

    O professor chama atenção para o fato de que a presidente teve que abrir mão de “fatias expressivas de poder”. Ele acredita que as chances hoje de que seu mandato seja interrompido são maiores do que antes.

    “Nessa reforma, só o PMDB ganhou e todo o resto perdeu, inclusive a presidente. O PMDB tem, ao que parece, uma estratégia de substituir a curto prazo Dilma na cadeira presidencial. Agora, é como se o PMDB começasse a governar antes da faixa presidencial”, analisa.

    O professor vê um risco real de o principal “aliado” do governo petista deixar a aliança em novembro, quando o partido faz sua convenção. Se isso acontecer, diz, “acabou o governo Dilma”.

    Apesar de muitos destacarem que sua personalidade forte impediria a presidente de renunciar, Lavareda não descarta essa possibilidade. “Quem diria meses atrás que ela abdicaria de tantas fatias de poder? E ela foi capaz de abdicar. Abdicou até agora de quase tudo”, argumenta.

    O cientista político e professor da Universidade de Brasília David Fleischer tem opinião semelhante. Para ele, um impeachment “é questão de tempo”.

    “Dilma está mais enfraquecida. Isso faz parte do jogo duplo do PMDB, porque o PMDB quer levar Michel Temer à Presidência e, para isso, está fazendo tudo para enfraquecer mais ainda a Dilma”, afirmou.

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