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    PSP vigia radicais em manifestações ligados a claques

    A Investigação Criminal da PSP está a apertar a vigilância aos grupos de radicais que têm vindo a aumentar a sua presença em manifestações de rua e que, de acordo com a polícia, terão provocado a violência registada no protesto de quarta-feira em frente à Assembleia da República (AR).

    Fontes policiais explicaram ao PÚBLICO que em causa estarão grupos de jovens com longo cadastro por tráfico de droga e furto e que têm ligações a claques de futebol, como os No Name Boys e a Juve Leo.

    “As claques, enquanto instituição, nada têm a ver com a situação, mas são elementos que já nesse contexto há muito tempo que estavam referenciados por serem indivíduos violentos. São jovens aos quais não se conhece qualquer actividade profissional. Dedicam-se ao tráfico de droga e ao furto. Muitos já foram detidos por desobediência à autoridade, mas a maioria nunca cumpriu penas”, referiu ao PÚBLICO um investigador da PSP.

    Em causa estão jovens entre os 20 e os 30 anos, de ideologia anarquista-libertária, segundo as autoridades, e que estão referenciados há muito tempo. A PSP acredita que estão a aproveitar cada vez mais os protestos para “semearem o caos apenas por prazer”.

    A Investigação Criminal da PSP terá mesmo uma lista de cerca de 30 suspeitos que poderá dar origem a detenções nos próximos dias, segundo revelou ontem o Diário de Notícias e confirmou o PÚBLICO junto de fontes policiais. Um investigador da PSP ouvido pelo PÚBLICO adiantou mesmo que a PSP estará a apurar a eventual ligação de alguns desses grupos ao movimento internacional Black Bloc de cariz anarquista e anticapitalista que marcou presença em manifestações na Grécia e em Espanha. A PSP não confirmou oficialmente esta informação.

    Por outro lado, o Tribunal de Pequena Instância Criminal de Lisboa decidiu ontem encaminhar para o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa os processos dos nove detidos durante a manifestação junto à AR por arremesso de pedras contra a polícia. A juíza Conceição Moreno tomou a decisão no final do dia de ontem depois dos detidos terem passado o dia inteiro no tribunal. Será agora o DIAP a promover mais diligências de investigação e a decidir se deduz acusação para julgar os nove suspeitos em processo comum ou em processo sumário. Os homens, entre os 21 e os 64 anos de idade – entre os quais um italiano -, são acusados de desobediência, coacção e ameaça aos agentes da autoridade.

    A maioria dos detidos não terá, contudo, ligações aos grupos que estão sob a vigilância apertada da PSP. “Estamos a falar de jovens que, como vimos na manifestação, fogem com grande eficácia mal o Corpo de Intervenção da PSP realiza a carga policial. Fogem pelo meio dos outros manifestantes, conseguindo não ser apanhados”, explicou ao PÚBLICO outro investigador da PSP sob anonimato. Na sequência da carga, a PSP apreendeu mochilas abandonadas que continham vidros partidos e garrafas de ácido muriático para preparar explosivos.

    A PSP está a visionar com grande detalhe as imagens das câmaras de vídeo de alta definição colocadas nos pilares de iluminação da AR. Os investigadores acreditam que estas serão suficientes para identificar os suspeitos. “Muitos usavam máscaras, mas não as tinham colocado desde o início. As câmaras lá colocadas estão sempre a gravar e as suas imagens podem ser usadas legalmente”, disse fonte da PSP.

    Os agentes estão também a visionar as imagens recolhidas pelas estações de televisão e vídeos filmados por amadores colocados no site Youtube. Para já, a PSP diz que há várias estruturas que comunicam entre si e recrutam jovens em bairros problemáticos dos distritos de Lisboa e Setúbal, como o da Belavista.

    Entretano, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, falou ontem pela primeira vez sobre os incidentes e elogiou a actuação da PSP. “É importante, como mensagem para o futuro, que todos saibam que nós somos um povo tolerante, um povo de diálogo e de negociação, que preserva as liberdades”, realçou Passos Coelho, para logo a seguir acrescentar que esse povo também “tem linhas vermelhas”, disse, numa conferência de imprensa em Coimbra

    Mas as detenções efectuadas durante a manifestação motivaram as críticas do Bloco de Esquerda (BE) e da Ordem dos Advogados. O BE questionou ontem o Governo sobre as detenções, argumentando que há indícios de que foi negado acesso a advogados e de que os detidos foram coagidos a assinar documentos em branco. O bastonário da OA, Marinho e Pinto, também criticou a actuação policial por ter dificultado o acesso dos advogados aos seus clientes. O PÚBLICO tentou ontem, sem sucesso, saber se a Inspecção-Geral da Administração Interna vai abrir um inquérito à actuação policial.

    Fonte: PUBLICO

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