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    Província do Uíge ambiciona produção de café em grande escala

    (D.R)
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    Depois de nos anos 70 do século XX ter sido uma das referências mundiais na produção do café, a província do Uíge prepara-se para recuperar gradualmente, nos próximos dois anos, o lugar ocupado no tempo colonial, através do crescimento actividade do sector e garantir postos de trabalho em grande escala, de modo a dar resposta às necessidades do país.

    Em entrevista exclusiva à Angop, na cidade do Uíge, o governador provincial, Paulo Pombolo, defendeu uma estratégia pragmática e avançou os projectos em curso para atingir as metas estabelecidas, embora tenha reafirmado que o apoio de todas as forças será fundamental.

    “Para cumprir, definimos por prioridades no crescimento da província a agricultura, como base. Hoje, a ideia é que o sector da agricultura deve merecer uma especial atenção e trabalharmos no sentido de alterar o quadro actual, em que é exercida a agricultura no Uíge. Ou seja, sair da agricultura de subsistência à mecanizada da produção em escala e virada ao mercado”, esclareceu.

    De acordo com o governante, é a missão que o Plano Nacional reserva para Uíge. Produzir alimentos para vender nos grandes centros comerciais, em Luanda, e nas províncias que fazem fronteira, nomeadamente Zaire, Cuanza Norte e Malanje. Só em 2013, foram produzidas e comercializadas cerca de dez mil toneladas de café.

    “Mas, para desenvolver a agricultura, precisamos de organizar os produtores, em cooperativas agrícolas, para permitir que os incentivos que o governo vai conseguindo sejam distribuídos da melhor forma possível e equitativa para que cada cooperativa possa cumprir o seu papel”, apontou.

    Ainda no domínio da agricultura, além da formação dos camponeses e produtores, a organização em cooperativas, os incentivos necessários para que os produtores possam ter a motivação de continuar a trabalhar, Pombolo defendeu mais agrónomos para ajudar a catapultar a província.

    “Procurar formas de que esses técnicos agrónomos, que estão a terminar a formação superior, possam ir para os municípios, comunas, para sustentar este grande projecto ou programa de produção nacional do café”, disse, lembrando os indicadores (1970) quando Uíge era o centro das atenções.

    Recordou que Uíge já esteve na “pole position” na década de 70 do século passado, com indicadores “elevados”. A produção do café fez com que muitas cidades do país fossem construídas com os recursos financeiros arrecadados com o bago vermelho.

    “Luanda, por exemplo, tem grandes bairros tradicionais da cidade construídos com recursos provenientes da produção do café do Uíge: o Alvalade, a Vila Alice e o Bungo, que eram os grandes latifundiários na produção do café aqui nesta região, que suportaram a construção desses grandes bairros que acabei de citar”, observou.

    Mas, para aproximar-se das cifras de 1970, Paulo Pombolo explicou que precisará de quadros, sobretudo agrónomos e engenheiros. Por isso, disse haver necessidade de apostar fortemente na captação de investidores, pois as metas estão traçadas.

    “Não queremos agricultura de subsistência. Precisamos de uma agricultura que esteja virada ao mercado. Isso significa que produzir para o consumo da província, mais o excedente para o mercado. Esse, em princípio, é o objectivo que pretendemos alcançar”, reforçou.

    Para isso, acredita que só o governo será impossível atingir esses objectivos, pelo que o recurso ao sector privado é determinante, com a criação de políticas de mobilização daqueles que têm recursos financeiros, num processo já em curso, para investirem no Uíge.

    Segundo Pombolo, o governo está a criar mecanismos para que os produtores e investidores encontrem condições mínimas no terreno.

    Primeiro, tem de ter disponíveis as terras, as fazendas por recuperar, porque há alguns produtores que as abandonaram e outros até substituíram a cultura do café para segmentos diferentes.

    Este trabalho da captação de investidores, de mobilização de recursos financeiros no sector do café, acrescentou, “o governo provincial tem estado a fazer fóruns desde 2010, quer através de feiras agro-pecuárias anualmente, mas também através de fóruns de oportunidades de negócios, em que participam operadores económicos, provenientes de várias províncias e de alguns países”.

    Neste momento, a província do Uíge possui sete mil produtores de café e o governo local prevê aumentar para 70 mil, de modo a atingir as desejadas quantidades, podendo mais tarde potenciar a instalação de uma fábrica de café com a marca da região.

    “Podemos concluir que a agricultura é a base do desenvolvimento da nossa província, apesar de haver outras áreas que também contribuem para esse crescimento”, rematou Paulo Pombolo na Grande Entrevista concedida segunda-feira à esta agência de notícias.

    Além do café, a província produz grandes quantidades de citrinos (laranja, tangerinas, limão), ananás, maracujá gigante nos municípios da Damba, Bembe e Ambuila e que podem ser aproveitadas pela agro-indústria, com a transformação das frutas em bebidas, como sumos e refrigerantes. (portalangop.co.ao)

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